Augusto César Rocha, do Cieam, enfatiza a preocupação com o futuro: “Temos o início de um problema histórico. A preocupação é como a situação vai estar em 30 de novembro. Se garantir 8 metros de profundidade mínima para a passagem dos navios, a crise passa.” A indústria e as autoridades continuam trabalhando para encontrar soluções que permitam enfrentar essa crise logística sem precedentes no Amazonas.
Uma seca histórica no estado do Amazonas está causando sérias preocupações para o polo industrial de Manaus, onde a produção nacional de eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos e motocicletas está concentrada. Nas últimas semanas, as condições de transporte de cargas pelo rio Amazonas e seus afluentes deterioraram-se significativamente, resultando em atrasos na entrega de materiais e um acúmulo de produtos acabados nos estoques das fábricas.
Até o momento, as empresas têm conseguido administrar a situação por meio de rearranjos na produção, evitando assim a paralisação completa das linhas de montagem. No entanto, com o estresse logístico se aproximando de seu limite e sem perspectivas de normalização da navegabilidade no curto prazo, algumas empresas já estão considerando medidas drásticas.
A Associação Nacional de Fabricantes de Eletrodomésticos (Eletros) e o Sindicato dos Metalúrgicos da região confirmaram que algumas empresas convocaram reuniões para discutir a possibilidade de adoção de férias coletivas nos próximos dias. Essa medida, embora drástica, é vista como uma tentativa de evitar prejuízos ainda maiores devido aos atrasos na produção e distribuição.
A seca histórica que afeta o Amazonas tem diversas causas, incluindo a falta de chuvas na região nos últimos meses, o que resultou em níveis de água excepcionalmente baixos nos rios. Isso afeta diretamente a navegação fluvial, uma vez que muitas das matérias-primas e produtos acabados da região são transportados pelo rio Amazonas e seus afluentes.
Além disso, a seca também tem impactado negativamente a vida dos ribeirinhos, que dependem dos rios para sua subsistência. Muitas comunidades ribeirinhas estão enfrentando dificuldades com a escassez de água e a redução da pesca, agravando ainda mais a crise na região.
As autoridades locais estão buscando soluções para enfrentar essa situação crítica. Algumas medidas incluem a busca por rotas alternativas de transporte de carga, a implantação de programas de auxílio às comunidades ribeirinhas afetadas e a pressão por medidas governamentais para lidar com a seca e suas implicações econômicas e ambientais.
A seca histórica no Amazonas está lançando luz sobre a interdependência entre o meio ambiente, a economia e a vida das pessoas na região. A comunidade empresarial de Manaus está enfrentando um desafio sem precedentes, e as próximas semanas serão cruciais para determinar como a região lidará com os impactos dessa crise climática.
Níveis críticos de água no rio Amazonas obrigam empresas a buscar alternativas para transporte de cargas e elevam custos de frete
A seca histórica que afeta o estado do Amazonas está causando sérios problemas para a indústria de Manaus, onde a produção de eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos e motocicletas está concentrada. Devido à redução do nível de água em trechos críticos dos rios, as maiores embarcações não conseguem mais acessar o porto de Manaus, levando as empresas a buscar soluções alternativas para o transporte de cargas.
Uma das alternativas encontradas é o transporte de cargas por balsas entre Manaus e o porto Vila do Conde, no município de Barcarena, no Pará. No entanto, as balsas, devido às restrições de navegabilidade, transportam apenas 10% da carga de um navio e não conseguem desenvolver velocidade significativa, aumentando o tempo de trânsito das mercadorias.
Essas soluções alternativas também têm um custo mais elevado de transporte, devido às despesas adicionais com armazenagem prolongada nos portos e transferências imprevistas de contêineres. Segundo Augusto César Rocha, coordenador da comissão de logística do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), esses contratempos elevaram os custos de frete na região entre 25% e 50%, dependendo do contrato.
Jorge Nascimento, presidente da Eletros, relatou que algumas empresas já estão considerando a adoção de férias coletivas nas fábricas devido às dificuldades em receber insumos e ao acúmulo de estoques não despachados regularmente.
Valdemir de Souza Santana, presidente do sindicato dos metalúrgicos do Amazonas, confirmou que a entidade recebeu informações sobre planos de paradas de produção não apenas na indústria de eletroeletrônicos, mas também na de motocicletas. “Algumas empresas só vão ter matérias-primas daqui 15 dias”, relatou.
Por enquanto, a indústria descartou o risco de desabastecimento nas lojas durante a Black Friday, mas a normalidade das entregas de Natal, que começam no final deste mês, está ameaçada caso o rio não recupere seu nível de água.
A seca na região é um fenômeno sazonal, e a indústria se preparou antecipadamente para evitar o desabastecimento, antecipando a produção e as entregas nos últimos meses. No entanto, a seca de 2023, agravada pelo El Niño, superou as expectativas e pode ser a maior da história, com a possibilidade de se estender até o fim do primeiro semestre de 2024.
Operadores logísticos alertaram seus clientes que não há previsão de quando os grandes navios voltarão a entrar em Manaus. Uma reunião foi marcada com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para formar um comitê de crise e buscar soluções para a situação.
Augusto César Rocha, do Cieam, enfatiza a preocupação com o futuro: “Temos o início de um problema histórico. A preocupação é como a situação vai estar em 30 de novembro. Se garantir 8 metros de profundidade mínima para a passagem dos navios, a crise passa.” A indústria e as autoridades continuam trabalhando para encontrar soluções que permitam enfrentar essa crise logística sem precedentes no Amazonas.
*Com informações EXAME
Comentários