Novo estudo da Human Climate Horizons prevê que a elevação do mar decorrente das mudanças climáticas devem cobrir áreas de vários lugares do mundo, dentre estes as cidades de Rio de Janeiro e Santos
No decorrer da primeira metade deste século, estima-se que 5% das áreas urbanas de Santos e Rio de Janeiro serão submersas devido à elevação do nível do mar, afetando a região costeira do Brasil. Essa previsão origina-se do estudo Human Climate Horizons, uma iniciativa conjunta do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Climate Impact Lab.
Revelações alarmantes em relatório recente
Lançado na terça-feira anterior à 28ª Conferência das Partes (COP28), este relatório destaca as severas consequências do aquecimento global, incluindo um aumento quíntuplo no risco global de inundações.
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo enfatizam que seus achados devem servir como um alerta urgente para os líderes presentes na COP28, ressaltando a necessidade imediata de ação.
O aquecimento global, impulsionado pelo aumento das temperaturas atmosféricas e oceânicas, leva ao derretimento dos glaciares e à expansão térmica do mar, resultando em inundações de áreas costeiras. Nas últimas duas décadas, o fenômeno resultou em 14 milhões de pessoas adicionais vivendo em áreas com risco anual de inundação.
Para projetar os riscos até o final do século, os pesquisadores utilizaram dados de satélites e medidores de maré, assim como modelos do 6º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), e simularam três cenários distintos de emissões de gases de efeito estufa.
Projeções e cenários para o Brasil
De acordo com o relatório, até 2050, o Brasil pode ver uma elevação do nível do mar entre 20,9 e 24,27 centímetros, e até 2100, essa elevação poderia variar entre 40,5 e 65,6 centímetros. Em cenários de altas emissões, Santos e Rio de Janeiro enfrentariam aumentos significativos no nível do mar tanto em 2050 quanto em 2100.
Projeções globais de inundação
As novas projeções apontam que, dependendo do cenário de emissões de gases:
- 59,4 milhões de pessoas estarão em risco sob baixas emissões;
- 72,8 milhões sob cenário intermediário;
- 97,6 milhões sob altas emissões.
Além do Brasil, regiões de baixa altitude na América Latina, África e Sudeste Asiático estão em grave risco de inundação. Até 2050, cidades como Cotonou (Benin) e Calcutá (Índia) terão 5% de suas áreas urbanas em risco. Até o final do século, o risco dobrará, afetando 10% da população dessas cidades, com potencial de inundações permanentes.
Pedro Conceição, do PNUD, alerta que o aumento do nível do mar ameaça décadas de desenvolvimento em áreas costeiras densamente povoadas, habitadas por uma a cada sete pessoas no mundo. Além de danos a residências e infraestruturas, as inundações podem causar instabilidades econômicas e competição por recursos. Cidades como Sydney, Perth, Newcastle, Kingston, Guayaquil e Barranquilla também correm risco de inundações permanentes.
Com o aquecimento global nos níveis mais altos, cerca de 160 mil quilômetros quadrados de terra costeira podem ser inundados até 2100, ultrapassando a área de países como Grécia ou Bangladesh. No Brasil, a área submersa pode alcançar quase 5 mil quilômetros quadrados até 2100, equivalente ao Distrito Federal. No entanto, se as emissões forem reduzidas para manter o aquecimento abaixo de 2ºC, cerca de 70 mil quilômetros quadrados dessas áreas poderiam ser preservadas. Os pesquisadores sublinham que essas projeções não são inevitáveis, mas um chamado urgente para ações rápidas e eficazes.
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