Os bambus são plantas predominantemente tropicais e subtropicais, perenes, renováveis, de rápido crescimento e com alta produção de biomassa. Entretanto, uma limitação dessas espécies quanto ao seu uso racional tem sido o deficiente processo de multiplicação.
O primeiro aspecto a considerar é o seu florescimento, que geralmente é um fenômeno raro. além disso, as sementes apresentam baixa viabilidade, o que dificulta sua propagação sexuada.
Assim, bambus são propagados vegetativamente por divisão de touceiras, partes de rizomas ou, ainda, secções de colmos que, embora eficientes quanto à sobrevivência, apresentam limitações, sobretudo pela capacidade de produzir um número limitado de mudas. Diante disso, estratégias biotecnológicas, notadamente aquelas associadas às técnicas da cultura in vitro, são ferramentas de grande importância para a reprodução vegetativa de bambus, pois, uma vez dominadas, podem possibilitar a produção em larga escala de novas plantas.
Neste capítulo, são apresentados e discutidos os princípios, as estratégias e as limitações do uso da cultura de tecidos de plantas para a micropropagação dos bambus. São abordadas e descritas diferentes técnicas, que incluem o uso de meios líquidos, embriogênese somática e biorreatores de imersão temporária, indicando suas vantagens e desvantagens.
Os bambus pertencem à família Poaceae (Gramineae), subfamília Bambu- soideae, distribuídos em cerca de 90 gêneros e 1400 espécies (Lin et al., 2012; Yang et al., 2008; Kelchner, 2013).
São plantas distribuídas predominante- mente em regiões tropicais e subtropicais, de ciclo perene, renováveis, de rápido crescimento e com alta produção de biomassa.
Por tratar-se de uma planta rústica, renovável e que produz anualmente, sem a necessidade de re- plantios, o bambu tem grande potencial agrícola e pode ser competitivo em relação a outros tipos de matérias-primas, também em razão da velocidade de crescimento e de aproveitamento por área (Fialho et al., 2005).
Embora seja um mercado em expansão, no Brasil, devido basicamente à falta de tradição da cadeia produtiva do bambu e, também, às lacunas de conhecimentos e tecnologias que poderiam permitir utilizar as diferentes espécies,
o uso do bambu, com raras exceções, tem se limitado a pequenos negócios, basicamente ao artesanato e à ornamentação (Fialho et al., 2005; Afonso, 2011). Por outro lado, o país dispõe de clima favorável e grande extensão de áreas, incluindo as degradadas e inaptas para outros cultivos, mas adequadas ao plantio de diversas espécies de bambu de valor comercial.
Além disso, florestas nativas de bambus arborescentes do gênero Guadua ocupam milhares de hectares contínuos, principalmente no sudoeste da Amazônia, e ainda são praticamente inexploradas do ponto de vista botânico, ecológico e/ou de uso como recursos genéticos (Afonso, 2011; Singh et al., 2013).
Acredita-se que a produção de bambu represente uma alternativa inovadora e interessante para o agronegócio brasileiro (Fialho et al., 2005) e, assim, tornam-se fundamentais os avanços nos programas de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias capazes de gerar conhecimentos científicos que garantam inovação tecnológica, sustentabilidade e potencialização da utilização dessa matéria-prima, de modo a maximizar seus benefícios socioeconômicos e ambientais.
Uma limitação importante para o desenvolvimento da cadeia produtiva do bambu refere-se ao seu deficiente processo de multiplicação. Seu florescimento é geralmente raro e, dependendo da espécie, pode levar dezenas ou até centenas de anos (Gillis et al., 2007; Singh et al., 2013). Além disso, as sementes dos bambus apresentam baixa viabilidade, o que dificulta sua pro- pagação sexuada.
Por esta razão, os bambus são propagados vegetativamente, principalmente por técnicas como transplantio direto (desdobramento de touceiras) ou enraizamento de estacas e pedaços de colmos (Fonseca, 2007) que, embora relativamente eficientes quando se quer pouca quantidade de mudas, apresentam limitações, especialmente para aqueles casos em que se deseja um número elevado de plantas.
Diante dessas dificuldades, a micropropagação é uma alternativa possível para a multiplicação dessas espécies (Mudoi et al., 2013; Singh et al., 2013), pois pode possibilitar a produção em larga escala de mudas a partir de tecidos e órgãos de plantas doadoras, com a vantagem de manter a identidade genética do material propagado e poder ser direcionada para plantas matrizes, acessos ou mesmo espécies de alto valor agronômico ou comercial onde os outros processos de propagação são menos vantajosos.
Nesse contexto e devido à reduzida disponibilidade de literatura atualizada sobre o tema, o presente capítulo apresenta e discute os princípios, as estratégias e as limitações do uso da cultura de tecidos de plantas para a micropropagação dos bambus, tanto sob a ótica das técnicas convencionais quanto das mais avançadas.
O artigo completo está disponível em Embrapa
Autores: Jênifer Silva Nogueira(1), Frederico Henrique da Silva Costa(2), Paulo Arthur Almeida do Vale(3), Zanderluce Gomes Luis(4),
Jonny Everson Scherwinski-Pereira(5)*
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