A Cúpula de Belém, que reúne os líderes dos países amazônicos nesta terça-feira (8/8), está marcada por tensões e divisões quanto à possível proibição de novos projetos de exploração de petróleo e gás na região da Amazônia.
Posição Colombiana
A proposta da Colômbia de terminar o uso “amplo e progressivo” de combustíveis fósseis na floresta amazônica gerou desconforto, particularmente com o Brasil. Gustavo Petro, presidente colombiano, é o principal defensor da ideia, enquanto o governo brasileiro busca manter a questão fora da agenda.
No evento dos Diálogos Amazônicos, realizado no último domingo (6), a ministra do meio ambiente da Colômbia, Susana Muhamad, enfatizou os impactos negativos dos megaprojetos petrolíferos, como a fragmentação ecológica e a perda de biodiversidade. Ela manifestou dúvidas sobre a possibilidade de um acordo entre os líderes amazônicos.
O presidente do Brasil, Lula, enfrenta o “fantasma do petróleo” enquanto tenta se consolidar como uma liderança pró-floresta. Eduardo Viola, professor da FGV, destacou o comportamento oposto do Brasil em relação à descarbonização da economia, o que pode limitar sua influência na Cúpula.
A tensão política se intensifica com o recente veto do IBAMA ao projeto de exploração petrolífera na costa do Amapá, e a ação subsequente da AGU para ajudar a Petrobras a avançar com seu projeto na foz do rio Amazonas.
Vozes da sociedade civil
A questão do petróleo foi uma presença marcante nos Diálogos Amazônicos, realizados pelo governo brasileiro com representantes da sociedade civil antes da Cúpula. Líderes indígenas, cientistas e ambientalistas expressaram uma oposição quase unânime aos novos projetos fósseis.
João Pedro Galvão Ramalho, do FOSPA, ressaltou a incompatibilidade entre a exploração de petróleo e qualquer proposta efetiva de desenvolvimento sustentável. O cientista Carlos Nobre classificou a ideia de explorar petróleo no bioma como um “ecossuicídio”.
A Cúpula continua
Com a divisão clara entre os países amazônicos sobre a exploração de petróleo na região, a expectativa é de que as discussões na Cúpula de Belém possam ser intensas e desafiadoras. O equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental é o núcleo da questão, e a resolução ainda está longe de ser alcançada.
O mundo observa enquanto os líderes amazônicos lutam para encontrar um consenso que respeite tanto as necessidades econômicas como as responsabilidades ambientais em um dos ecossistemas mais vitais do planeta. A decisão tomada poderá ter implicações profundas para o futuro da Amazônia e para os esforços globais de combate às mudanças climáticas.
*Com informações CLIMA INFO
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