Está cada vez mais certo que o ano de 2023 será marcado pelo retorno do El Niño, que provoca o aquecimento das águas do Oceano Pacífico entre os trópicos. Por isso, a ONU chama atenção de que o fenômeno climático pode alimentar temperaturas globais mais altas – e com elas, novos recordes de calor pelo planeta.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) atualizou suas previsões na quarta (3/5). Após três anos de La Niña, que resfria as águas do Pacífico, a OMM agora estima que há 60% de chance de que o El Niño se desenvolva até o final de julho, e 80% de chance de que isso aconteça até o final de setembro.
“Isso mudará os padrões climáticos em todo o mundo”, disse Wilfran Moufouma Okia, chefe da divisão regional de serviços de previsão climática da OMM, informa o Guardian. O El Niño também é associado a secas em algumas partes do mundo e a fortes chuvas em outras. Sua última ocorrência foi em 2018-19.
A preocupação não é em vão. O ano mais quente já registrado no mundo até agora foi 2016, coincidindo com um forte El Niño – embora a mudança climática tenha alimentado temperaturas extremas mesmo em anos sem o fenômeno, destaca a Reuters.
Como a própria ONU apontou, os últimos oito anos foram os mais quentes já registrados, apesar de La Niña se estender por quase metade desse período. Sem esse fenômeno climático, o aquecimento poderia ter sido ainda pior.
Os especialistas ainda não conseguiram prever quanto tempo vai durar ou quão forte o El Niño será desta vez, destaca o DW. A ocorrência anterior foi considerada relativamente fraca, mas 2016 foi “o ano mais quente já registrado por causa do ‘golpe duplo’ de um evento El Nino muito poderoso e do aquecimento induzido pelos gases do efeito estufa”, disse a OMM.
O El Niño também pode ocorrer lentamente, e o efeito sobre as temperaturas globais tende a ser mais evidente um ano após seu surgimento. Logo, os piores impactos podem ser mais percebidos em 2024.
Outro alerta sobre o clima vem do Oceano Atlântico. O aquecimento das águas atlânticas criou uma espécie de quebra-cabeça para os meteorologistas, relata a Bloomberg. Com a temporada de furacões se aproximando, a água quente do Atlântico sugere que muitas tempestades podem se formar este ano. Por outro lado, o El Niño do Pacífico pode acabar impedindo muitas delas.
O El Niño e seus efeitos também foram noticiados por New York Times, Yahoo, The Weather Channel e Channel News Asia.
Texto publicado em CLIMA INFO
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