Começou na semana passada o inverno no Hemisfério Sul, e o El Niño já tinha dado o ar de sua graça no início de junho, antes do inicialmente previsto pelos meteorologistas. A combinação de mudança climática e El Niño, dois eventos promete mexer com o clima no Brasil e preocupa pelos efeitos, sobretudo na Amazônia.
A situação piora por causa da mudança climática. Meteorologistas ouvidos pelo g1 avaliam que a expectativa em 2023 é que ocorra um Super El Niño. Isso significa um aquecimento das temperaturas em até 2,5oC em alguns locais do mundo, apontam os especialistas.
A meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia, afirma que o ciclone registrado nos dias 15 e 16 de junho, que deixou 16 mortos e mais de 2 milhões de pessoas afetadas no Rio Grande do Sul, foi uma amostra do que a região Sul pode esperar para os próximos meses. A atmosfera hiperativa, afirma ela a’O Globo, deverá favorecer a ocorrência de eventos extremos, na medida em que o El Niño se intensifica.
O período mais crítico deverá ocorrer entre agosto e setembro, na proximidade da primavera, quando poderão ocorrer mudanças radicais de temperatura, de calor para frio, e maior frequência de temporais de granizo e vendavais no Sul.
Os fortes temporais poderão ser acompanhados de eventos de ciclone e causar cheias de rios e inundações. Sias lembra que agosto e setembro, independentemente do El Niño, costumam registrar maior frequência de eventos severos no território gaúcho, como chuva, vento, granizo e ciclones. Com o El Niño, o cenário piora.
Já no Centro-Sul do Brasil, o inverno deverá ser mais brando, com temperaturas mais altas, e mais úmido, com mais chuvas, do que nos anos anteriores – efeito direto do fenômeno climático, lembra o Estadão. No Norte e no Nordeste, a situação é inversa, com chuvas abaixo da média, principalmente nas regiões mais equatoriais, pontua o g1. Por isso, o número de incêndios na Amazônia poderá subir em relação a 2022.
“Geralmente, o impacto que o El Niño causa no Brasil é a redução de chuvas nas regiões Norte, Nordeste, enquanto na Região Sul e no Sudeste é observado aumento das chuvas. No caso da temperatura, existe uma tendência de elevação em grande parte do país, e esse aumento pode elevar o risco de queimadas no Brasil central. Dessa forma, teremos um inverno menos rigoroso por conta do El Niño”, detalha a meteorologista Danielle Ferreira, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), à Agência Brasil.
E não são apenas os eventos extremos que preocupam, no Brasil e em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê um aumento da disseminação de doenças virais, como dengue, zika e febre chikungunya, devido ao El Niño, segundo o Estadão.
Texto publicado em CLIMA INFO
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