A combinação mais popular da culinária brasileira pode ser prejudicada pela mudança climática. Dois estudos de pesquisadores da Embrapa e da ESALQ/USP mostraram os impactos potenciais das alterações climáticas sobre as culturas de feijão e arroz e propõem uma estratégia de conservação e adaptação para garantir a produção em 2050.
O primeiro, publicado na Agricultural Systems, abordou o impacto do clima mais quente na produção de feijão. A partir de modelos climáticos, o estudo projetou um aumento médio da temperatura entre 1,23oC e 2,86oC até meados deste século nas principais áreas de cultivo. De acordo com a análise, a temperatura mais quente prejudicará a produtividade, afetando o atendimento da demanda crescente pelo grão.
Já o segundo estudo, publicado na Global Change Biology, observou o caso do arroz: neste cultivo, a preocupação está no clima mais seco, com menos chuvas, nas áreas de maior produção do cereal no Brasil, no Centro-Oeste.
Analisando a precipitação pluvial, a radiação solar, a temperatura atmosférica e a concentração de CO2 na região, o estudo projetou uma queda entre 40% e 60% do estoque de água necessário para o cultivo até 2050.
“Essa pesquisa aponta a necessidade de redução das emissões de gases de efeito estufa para diminuir a pressão sobre o aquecimento global e, como desdobramento, para a mitigação de uma possível mudança climática”, comentou Alexandre Bryan Heinemann, da Embrapa, coautor dos dois estudos, ao Valor.
Texto publicado em CLIMA INFO
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