Enquanto os especialistas em meio ambiente ficarem sectários em suas posições, teremos uma continuada vitória política daqueles que detratam a tudo e a todos. O caminho do meio certamente não será pelo extrativismo, mas a ausência dos ambientalistas apoiando a indústria e a ciência em Manaus tem feito falta. Assim como, a ausência daqueles que se dizem defensores da Amazônia, mas que atuem na proteção da floresta, tem feito falta
Por Augusto Cesar Barreto Rocha
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O negacionismo é tão frequente que por vezes podemos nos indagar se realmente existe algo que possamos chamar de meio ambiente. As máquinas que produzem o caos e reprogramam a nossa mente e o mundo, como analisado por Max Fisher, têm focado nas matrizes de ódio, voltadas para críticas e destruições e não para as construções, preservações ou evoluções.
Acontece que a Amazônia existe e a sua diversidade é importante para o planeta. Ir além do entendimento e aumento de consciência, passando para a realização de políticas públicas é algo que precisa ser feito.
Mesmo que tenhamos tido o Plano Amazônia Sustentável assinado desde 2008 e o Polo Industrial de Manaus percebido como parte importante dos motivadores para um Amazonas mais verde, em estudo de 2009, de autoria de Alexandre Rivas, José Aroudo Mota e José Alberto da Costa Machado, seguimos tendo críticas que levam a destruição da indústria e da floresta. Há ainda a atração cega para riquezas minerais e extrativistas da Amazônia, que também levam a uma destruição continuada, sob um falso manto sustentável.
Não é percebido como um dilema moral a destruição do ambiente para combater a fome. O problema é que o aniquilamento da floresta tem sido em meio a uma abundância de oportunidades. O que incomoda a quem reflete sobre a Amazônia é que a maior parte dos debates desrespeitam a realidade natural ou de sucessos relativos já obtidos.
O caminho preferido para os protetores da natureza é nada fazer e a rota do progresso para os que se dizem defensores das pessoas é ignorar o meio ambiente e os habitantes da região, sejam os povos originários, sejam ribeirinhos ou os trabalhadores da indústria ou ainda os empresários locais.
Precisamos encontrar um caminho de convergência que não seja a falsa sustentabilidade, conhecida como “green wash”. Afinal, não há agricultura extensiva e sustentável destruindo o bioma Amazônico. Por outro lado, não há desenvolvimento humano sem infraestrutura ou atividades econômicas. O desencontro das políticas públicas de longo prazo tem levado a uma destruição desenfreada do meio ambiente Amazônico, como se ele não existisse.
Para Niro Higuchi, Pesquisador do LMF-INPA, é possível neutralizar o carbono do PIM. Mas, para os reguladores, ainda não há uma rota de Processos Produtivos Básicos (PPBs) para a produção industrial vinculada com insumos amazônicos. É necessário abrir as duas trilhas e se abster de olhar para estudos que indicam sustentabilidade na extração de minérios ou produção de gado na Amazônia.
Enquanto não houver convergência de alguma geração de riqueza com a floresta em pé e o meio ambiente respeitado, teremos a contínua tentativa de desarticulação de políticas públicas.
Enquanto os especialistas em meio ambiente ficarem sectários em suas posições, teremos uma continuada vitória política daqueles que detratam a tudo e a todos. O caminho do meio certamente não será pelo extrativismo, mas a ausência dos ambientalistas apoiando a indústria e a ciência em Manaus tem feito falta.
Assim como, a ausência daqueles que se dizem defensores da Amazônia, mas que atuem na proteção da floresta, tem feito falta. Proteger a Amazônia sem proteger a floresta é uma falácia, tal qual será um erro não ter atividades econômicas para quem vive nas cidades amazônicas.
Augusto Rocha é Professor Associado da UFAM, com docência na graduação, Mestrado e Doutorado e é Coordenador da Comissão CIEAM de Logística e Sustentabilidade
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