Fenômeno climático influenciará o clima durante todo o inverno, trazendo efeitos distintos para cada região do país. Na Amazônia a incidência de queimadas deve aumentar devido a condições climáticas mais propícias.
O inverno no hemisfério sul teve início nesta quarta-feira (21) e promete trazer temperaturas acima da média em quase todo o Brasil. De acordo com meteorologistas, a estação mais fria do ano será influenciada pelo fenômeno climático El Niño, que pode se estender até o final de setembro.
Impacto no clima brasileiro
O fenômeno, caracterizado pelo aquecimento acima da média no oceano Pacífico, terá impacto direto no clima do Brasil durante o inverno. Segundo o meteorologista Gilvan de Oliveira, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), “a principal consequência para o nosso inverno é a temperatura ficar, em média, um pouco acima do normal, principalmente na região central do Brasil.” Além disso, o instituto alerta para um maior risco de queimadas, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste.
Devido as mudanças climáticas, meteorologistas apontam que o El Niño deste ano será bem acima do normal sendo caracterizado como “Super El Niño”, chegando a trazer aumentos na casa dos 2,5ºC em lugares do mundo.
Variação nas condições climáticas
Enquanto algumas regiões do país enfrentarão um período mais seco, outras poderão registrar um aumento nas chuvas durante o inverno. Nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e na maior parte do Norte e Nordeste, espera-se um tempo mais seco do que o normal. Por outro lado, o Sul do país deverá ter um inverno mais chuvoso.
Região Sudeste e Centro-Oeste com chuvas abaixo da média
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a tendência para o restante da região Sudeste é de chuvas abaixo da média ao longo do inverno. No entanto, não está descartada a ocorrência de precipitações mais intensas no litoral sul da região, devido à passagem de frentes frias. Em setembro, o norte de São Paulo e oeste de Minas Gerais poderão enfrentar ondas de calor.
Na região Centro-Oeste, é esperada uma estiagem, com umidade relativa do ar podendo ficar abaixo dos 20% nos próximos meses. A permanência de massas de ar seco e quente contribuirá para elevar as temperaturas acima da média do inverno. Em setembro, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul poderão enfrentar períodos prolongados de calor, com máximas próximas a 40º, segundo a agência Climatempo.
Nordeste com chuvas próximas da média e aumento de temperatura
As projeções meteorológicas indicam que o interior nordestino, que já enfrenta um período seco, terá volume de chuva próximo da média durante o inverno. No entanto, na faixa litorânea, haverá uma redução gradual das precipitações, que devem ficar abaixo do normal. Em contrapartida, as temperaturas se elevarão em quase todos os estados, com níveis acima da média na maior parte da região.
Norte com chuvas abaixo da média e calor intenso
O El Niño também afetará o Norte do país, que terá um inverno com chuvas abaixo da média e calor acima do normal em todos os estados. O tempo seco deverá se intensificar a partir de agosto, aumentando o risco de queimadas nas bordas sul e oeste da Amazônia. Apenas no extremo norte da região algumas áreas têm a possibilidade de chuvas acima da média.
Sul do Brasil terá temperaturas variadas e clima mais úmido
No Sul do país, o inverno terá um início com temperaturas um pouco acima da média, mas o calor não deverá perdurar. Agosto tende a ser o mês mais frio da estação no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, com a chegada de massas de ar frio que podem provocar geadas na região, de acordo com o Climatempo. Já no Paraná, há previsão de calor acima da média durante todo o período, principalmente em setembro.
Além disso, os estados do sul também terão um clima mais úmido ao longo do inverno, com chuvas acima da média em toda a região.
Em entrevista recente a Globo News, o professor da USP e integrante do IPCC Paulo Artaxo conta como o El Niño o fenômeno climático pode levar o Brasil e o mundo a enfrentar eventos climáticos ainda mais extremos.
“Nossas cidades têm de se preparar para um fluxo maior de chuvas no Sul do Brasil. Ações preventivas são muito importantes de serem tomadas para minimizar os danos socioeconômicos”, explica o físico.
Com informações da Folha de São Paulo
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