A situação no estado do Amazonas continua crítica à medida que a estiagem histórica persiste, afetando 60 dos 62 municípios do estado. Até o momento, mais de 600 mil pessoas foram impactadas por essa seca severa, que já dura meses e tem consequências significativas para as comunidades locais e o ecossistema amazônico.
De acordo com informações da Defesa Civil do estado, apenas os municípios de Presidente Figueiredo e Apuís permanecem em uma situação de normalidade. As 158 mil famílias afetadas enfrentam escassez de água, perda de cultivos agrícolas e uma série de desafios devido à falta de chuvas.
O governador do Amazonas, Wilson Lima, decretou situação de emergência em 55 dos 62 municípios do estado em setembro, reconhecendo a gravidade da situação. O período de janeiro até 24 de outubro registrou 18.090 focos de calor no estado, dos quais 2.500 ocorreram na região metropolitana de Manaus. Somente em outubro deste ano, foram registrados 3.288 focos de calor, mais do que o dobro do mesmo período do ano passado, quando foram notificados 1.335 focos.
Um dos aspectos mais alarmantes dessa seca é a situação do Rio Negro, cuja cota nesta quinta-feira (26) atingiu 12,70 metros, o nível mais baixo já registrado desde o início das medições em 1902. Em contrapartida, em junho de 2021, o rio atingiu seu recorde de alta, com 30,02 metros.
O atual cenário de seca coincide com o fortalecimento do fenômeno El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal das águas superficiais da porção leste da região equatorial do Oceano Pacífico. Essa mudança climática influencia a distribuição das chuvas e os padrões climáticos em diferentes partes do planeta. No entanto, especialistas apontam que a situação do Rio Negro não pode ser explicada apenas pelo El Niño.
O geógrafo Marcos Freitas, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), argumenta que há indícios de que a seca no Amazonas está relacionada ao aquecimento global do planeta. Segundo Freitas, as chuvas na região do rio são formadas principalmente pelos deslocamentos de massas de ar do Oceano Atlântico. O aumento da temperatura do Atlântico, combinado com o El Niño, pode estar contribuindo para a seca excepcional observada este ano.
“Estamos notando um repique muito forte no Oceano Atlântico”, afirmou Freitas, destacando que as mudanças climáticas estão desempenhando um papel importante na atual crise de estiagem.
À medida que a seca histórica no Amazonas persiste, autoridades estaduais e especialistas continuam a monitorar de perto a situação e a buscar soluções para mitigar os impactos devastadores sobre o meio ambiente e as comunidades locais.
*Com informações Agência Brasil
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