“A energia solar permitirá o armazenamento dos produtos perecíveis vegetais e animais que poderão ter maior volume para comercialização, trazendo recursos para o agricultor se tornar menos dependente de programas sociais de transferência de renda e ainda aumentar a ocupação de outros comunitários oferecendo mais empregos.”
Por Juarez Baldoino da Costa
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A mais recente ferramenta tangível de prosperidade para o amazônida que habita os locais onde os fios da rede elétrica convencional não alcançam, e que permite ligar um freezer, acender lâmpadas e ligar um computador à energia solar, é o programa federal AML – Amazônia Mais Luz, operado pela Eletrobrás, com prazo de conclusão até 2030. O programa federal Luz para Todos, atrelado à existência de rede convencional termoelétrica de cada município, continua até 2026.
Com a possibilidade de acesso à internet por satélite através de pools comunitários, quando disponível, mais um passo importante será dado em futuro próximo no processo de instrumentalização remota. Serão alcançados todos os 9 estados da Amazônia, sendo 1.368 Sistemas de Gerações a serem instalados no Acre, 900 em Rondônia e 10.953 no Pará, por exemplo, entre outros. No Amazonas serão 4.458 os pontos de instalação.
Os aguardados e necessários estudos de moléculas da floresta, por exemplo, e os projetos que se espera serão apresentados para auferir os recursos do Fundo para o Amazonas previsto na Reforma Tributária em tramitação no Congresso, vão também gerar resultados e serão bem-vindos, mas ainda não foram explicitados como se dará o processo e quem será alcançado diretamente.
O prazo desta realização, que depende de aprovação da PEC e da aprovação da legislação complementar que está ainda em elaboração, pode chegar a 10 ou 15 anos para iniciar as implantações – mas o freezer da polpa de frutas e do pescado já os está congelando nas comunidades em que o AML foi concluído, aguardando o embarque para o mercado que vai remunerar o agora eletrificado caboclo.
A energia solar permitirá o armazenamento dos produtos perecíveis vegetais e animais que poderão ter maior volume para comercialização, trazendo recursos para o agricultor se tornar menos dependente de programas sociais de transferência de renda e ainda aumentar a ocupação de outros comunitários oferecendo mais empregos.
A energia proporciona ainda iluminação à noite que amplia a disponibilidade para o estudo da família e das comunidades, tornando mais produtivo o dia amazônico e mais capacitados os lá estudantes para melhor se prepararem para a vida. Os kits do AML estão sendo instalados pelas concessionárias estaduais de distribuição de energia elétrica, e em 2022 o investimento nos 2 programas foi de R$ 1,3 bilhão, com vida útil de 15 a 20 anos.
Se os produtores tiverem apoio do governo para escoamento seguro, e forem remunerados em sistema de compra garantida, o virtuoso ciclo para o interior se multiplicará, ao alcance imediato de suas mãos.
Que venham os esperados e necessários grandes projetos e grandes investimentos para a Amazônia, mesmo que se espere por décadas, mas por muito pouco se pode obter grandes, imediatos e diretos benefícios agora.
Em 15 ou 20 anos quando provavelmente os resultados dos grandes projetos começarem a produzir resultados, o AML já terá gerado 15 ou 20 anos de prosperidade real, e se necessário, bastará substituir os equipamentos que vão durar outros 15 ou 20 anos.
Juarez é Amazonólogo, MSc em Sociedade e Cultura da Amazônia – UFAM, Economista, Professor de Pós-Graduação e Consultor de empresas especializado em ZFM.
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