Embrapa inicia ambicioso projeto visando sistemas de produção agropecuária integrados e de baixa emissão de carbono, envolvendo especialistas internacionais e um orçamento para pesquisas sustentáveis e inovadoras
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) deu início a um novo projeto focado no suporte à agricultura com baixas emissões de carbono, centralizando-se em sistemas de produção agropecuária integrados e intensificados. O projeto incluirá estudos detalhados de experimentos de campo de longa duração, visando especificamente o sequestro de carbono como uma forma de reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
Esse esforço interdisciplinar contará com a colaboração de 12 instituições públicas e fazendas privadas, tanto do Brasil quanto de outros países. O projeto vai reunir mais de 40 especialistas de diversas áreas, incluindo agronomia, veterinária, zootecnia, física, química, computação e matemática.
O projeto, intitulado “Entendendo sistemas intensificados e integrados de produção: do mundo quântico à agricultura de baixa emissão de carbono”, foi aprovado pelo Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG). Ele terá um orçamento de aproximadamente R$ 4 milhões e um período de execução de cinco anos, começando em novembro de 2023 e com previsão de conclusão em outubro de 2028. A iniciativa está alinhada com o Plano Científico Mudanças Climáticas Fapesp 2020-2030, que visa apoiar iniciativas que ajudem o Brasil a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Especialistas do projeto se concentrarão em desenvolver métodos para fomentar uma economia de baixa emissão de carbono e produção sustentável, focando em setores estratégicos para o país. Pesquisadores de diferentes unidades da Embrapa em São Paulo participarão do projeto, em cooperação com universidades do estado e com o setor privado.
Desafios e metas
O projeto visa superar o desafio de diminuir as emissões de gases de efeito estufa e promover o sequestro de carbono no solo, aproveitando estudos prévios e em andamento, como os da Rede Pecus da Embrapa Pecuária Sudeste e um projeto temático sobre emissões de gases na pecuária do Sudeste brasileiro. Serão realizadas várias atividades em diferentes regiões de São Paulo para coleta e análise de dados, que posteriormente serão disponibilizados para auxiliar produtores rurais em todo o país.
Ladislau Martin Neto, pesquisador da Embrapa Instrumentação e coordenador do projeto, destacou como diferencial do projeto a avaliação de experimentos de campo de longa duração em sistemas integrados de lavoura-pecuária-floresta, como os conduzidos na Embrapa Pecuária Sudeste. Ele mencionou o uso de técnicas analíticas avançadas para gerar métricas de custo-benefício para a sustentabilidade, com ênfase na determinação do sequestro de carbono nos sistemas analisados.
Impacto no Agronegócio
O projeto da Embrapa tem como meta desenvolver recomendações avançadas para otimizar o uso de irrigação, o cultivo consorciado com leguminosas, a aplicação adequada de fertilizantes, além do manejo da fertilidade do subsolo e da nutrição de plantas e animais. Essas diretrizes visam integrar sustentabilidade, baixa emissão de carbono e alta produtividade na agricultura.
Uma das iniciativas chave do projeto é a criação de indicadores de sustentabilidade focados na dinâmica do carbono no solo. Estes indicadores servirão para diagnósticos rápidos em áreas de produção e ajudarão na correção de práticas de manejo, garantindo benefícios agronômicos e ambientais. Futuramente, estes indicadores podem ser utilizados para fundamentar o pagamento por serviços ambientais.
Enfoque em Sustentabilidade
José Ricardo Pezzopane, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, enfatiza a importância do projeto pela continuidade de sistemas de produção sustentáveis e pela quantificação dos efeitos dessas práticas no balanço de carbono. O projeto também visa desenvolver novas métricas para medir a quantidade e qualidade do carbono e da matéria orgânica acumulada nos solos em sistemas de produção sustentáveis.
Pezzopane destaca a introdução de métodos inovadores, como análises espectroscópicas, cromatográficas e de imagem, para avaliar e representar as condições do carbono no solo. Estes métodos incluirão modelagem matemática avançada do carbono, com a utilização de modelos e técnicas pioneiras.
Cooperação internacional e expectativas futuras
A infraestrutura da Embrapa Instrumentação será amplamente utilizada, junto com a cooperação internacional com laboratórios dos Estados Unidos e da Alemanha. Ladislau Martin Neto, coordenador do projeto, expressa a expectativa de que resultados inéditos sejam alcançados para as condições tropicais. Estes resultados devem fornecer evidências científicas sobre mecanismos de proteção da matéria orgânica do solo e outros benefícios coletivos para os sistemas produtivos, como a capacidade de retenção de água e aumento da biodiversidade, possibilitando projeções sobre a capacidade de acúmulo de carbono no solo e sua estabilidade ao longo do tempo.
Com informações do Poder360
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