Temos condições de evoluir econômica e socialmente, basta que alternativas de sobrevivência seguras e sustentáveis sejam facilitadas pelo poder público. Somente com ciência, inclusão social e conscientização da sociedade, teremos desenvolvimento sustentável
Por Antonio Silva
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As crises ambientais e climáticas extremas atingem de forma contundente a Amazônia Ocidental, principalmente o estado amazonense. São tempestades com chuvas e ventos fortes destelhando casas, derrubando árvores, seca implacável como há muito tempo não se via e até tempestade de areia. Para os cientistas, não há dúvidas de que o aumento da emissão em todo o mundo de gás de efeito estufa eleva o aquecimento global e intensifica a ocorrência de eventos climáticos devastadores.
Aqui no Amazonas praticamente todos os municípios sofrem com a seca e estiagem, o abastecimento de alimentos e medicamentos ficaram comprometidos. Atribuem-se a parte desses impactos climáticos, o desmatamento da floresta. Com a redução da área preservada, é alterado o fluxo aéreo da umidade que contribui também para o aumento da temperatura.
O Amazonas reúne potencialidades para uma nova economia, capaz de alçar os padrões sociais da população, porém tem que estabelecer mudanças de uso e cobertura da terra para deter os avanços dos eventos climáticos ameaçadores, pois contém o maior estoque florestal e a maior quantidade de áreas úmidas, capaz de abrigar modelos novos de desenvolvimento baseados na economia tradicional.
Felizmente, ainda temos a floresta tropical mais conservada do mundo em termos de tamanho e diversidade. Entretanto, a destruição, com queimadas e desmatamentos ilegais, elimina processos ecológicos frágeis que levaram séculos para serem construídos. Estamos encolhendo lentamente o tamanho da floresta amazônica, reduzindo a vida silvestre, o uso potencial das plantas, perdendo ou eliminando animais e microrganismos.
É incrível que até o momento só se estudou, detalhadamente, o potencial medicinal de apenas 0,5% das espécies vegetais da Amazônia. Nosso ecossistema é único no mundo. Temos a maior biodiversidade em plantas, animais e microrganismos, estimados em mais de 40 milhões de espécies. Com 60% da Amazônia localizados no Brasil, somos reconhecidos como o país da maior floresta tropical do mundo, por isso internacionalmente quando se fala em Amazônia, aponta-se o dedo para o Brasil.
Precisamos produzir mais informações e conscientização da população sobre as práticas contrárias a lei, pois é a própria população que mais sentirá os terríveis impactos da destruição ecológica e climática. Sempre que podemos, reafirmamos o grande papel da Floresta Amazônica no clima do planeta, alvo da atenção global em todas as rodas de negócios que influenciam os investimentos que têm como localização nossa região.
A Amazônia é um bem de interesse global pela sua inestimável biodiversidade, por isso não podemos descuidar, senão teremos além de prejuízo econômico também maior desgaste internacional da imagem do Brasil. Temos condições de evoluir econômica e socialmente, basta que alternativas de sobrevivência seguras e sustentáveis sejam facilitadas pelo poder público. Somente com ciência, inclusão social e conscientização da sociedade, teremos desenvolvimento sustentável.
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Antônio Silva é administrador de empresas, empresário e presidente da Federação das Indústrias do estado do Amazonas e vice presidente da CNI.
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