Cientistas alertam: a Terra se aproxima de um ponto de inflexão: em quase todos os indicadores de “saúde ambiental” do planeta, a situação se aproxima de um cenário que ameaça a sobrevivência da humanidade e de outras espécies naturais. A conclusão é de um estudo inédito divulgado nesta 4ª feira (31/5), que explora o conceito de “limites planetários” e o atualiza pela ótica da justiça ambiental e climática.
A pesquisa foi realizada pela Comissão da Terra, um grupo internacional de cientistas de diversas especialidades, e publicada na revista Nature. O trabalho faz um panorama perturbador sobre o futuro da vida no planeta no contexto das crises ambiental e climática impostas pelos seres humanos.
“Chegamos ao que chamo de ponto de saturação, onde atingimos o teto da capacidade biofísica do sistema terrestre de permanecer em seu estado estável. Estamos nos aproximando de pontos críticos, vendo cada vez mais danos permanentes aos sistemas de suporte à vida em escala global”, observou Johan Rockström, do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático (PIK), um dos principais autores do estudo, ao Guardian.
A grande novidade do estudo é a inclusão de aspectos de justiça na análise sobre os indicadores da vida na Terra. A justificativa dos autores é de que uma análise baseada apenas em aspectos de segurança, como vinha sendo feito, considera apenas as preocupações com a sobrevivência humana no planeta.
A inclusão da justiça nessa análise permite um estudo mais abrangente e real sobre os efeitos das crises ambientais não apenas sobre a humanidade, mas em todas as demais.
O estudo utiliza oito indicadores para analisar as condições da vida na Terra: clima; integridade funcional da biosfera; área de ecossistemas naturais; fluxos de águas superficiais; níveis de águas subterrâneas; ciclos de nutrientes para nitrogênio; fósforo; e níveis de aerossóis atmosféricos. Desse total, de acordo com os autores, sete estão além do limite para uma vida segura e justa.
Curiosamente, o único limite ainda não superado é o do clima, que ainda está dentro do “corredor seguro e justo”. Mesmo assim, caminhamos para que esse limite seja superado nos próximos anos em virtude do aquecimento global e do aumento contínuo das emissões antrópicas de gases de efeito estufa.
Até mesmo a meta definida globalmente para restringir o aquecimento do planeta, de 2oC até o final do século em relação aos níveis pré-industriais, já permitiria a superação do limite climático planetário.
“Nosso médico diria que a Terra está realmente muito doente em muitas áreas, e isso está afetando quem vive nela”, observou Joyeeta Gupta, da Universidade de Amsterdã e co-presidente da Comissão da Terra. “Devemos abordar não apenas os sintomas, mas também as causas”.
Associated Press, Bloomberg, Carbon Brief, CNN, Financial Times e TIMEtambém repercutiram os principais pontos e alertas do estudo.
Texto publicado em CLIMA INFO
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