Em meio a um calor extremo no Hemisfério Norte, os sistemas de saúde estão sob crescente pressão, lutando para lidar com um fluxo acentuado de internações resultantes das altas temperaturas extremas. O alerta veio do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma coletiva de imprensa na última quarta-feira (19 de julho).
“O calor extremo prejudica aqueles menos capazes de lidar com suas consequências, como idosos, bebês e crianças, pobres e sem-teto. A exposição ao calor excessivo tem impactos amplos para a saúde, muitas vezes amplificando condições pré-existentes e resultando em mortes prematuras e incapacidade”, afirmou Ghebreyesus.
Os cientistas têm ligado cada vez mais os eventos climáticos extremos, como ondas de calor, ao aquecimento global. A preocupação com as ondas de calor não é apenas por causa de seu potencial para causar doenças como insolação e desidratação, mas também pelo risco de agravar condições de saúde pré-existentes, tais como doenças cardíacas e pulmonares.
Os sistemas de saúde já enfrentam uma série de desafios. No entanto, a atual onda de calor no Hemisfério Norte tem imposto uma nova e poderosa pressão, pois as altas temperaturas forçam um aumento no número de pessoas que procuram ajuda médica.
Os mais vulneráveis ao calor extremo, de acordo com Ghebreyesus, são os idosos, bebês e crianças, bem como os mais pobres e aqueles sem abrigo. Essas populações já enfrentam barreiras significativas ao acesso aos cuidados de saúde, tornando-os ainda mais suscetíveis aos perigos do calor extremo.
O diretor-geral da OMS instou os países a se prepararem para esses tipos de eventos climáticos extremos, salientando a importância de se investir em sistemas de saúde resilientes capazes de lidar com o impacto dessas mudanças.
A OMS tem emitido diretrizes para lidar com ondas de calor e se preparar para os riscos à saúde associados a elas, que incluem garantir o acesso à água potável, disponibilizar espaços de resfriamento, aconselhar as pessoas sobre como evitar a insolação e monitorar de perto as populações em risco.
Ao enfrentar um futuro de clima cada vez mais incerto e extremo, é vital que os sistemas de saúde do mundo se adaptem para garantir que possam responder efetivamente a esses desafios. A atual crise de saúde decorrente da onda de calor serve como um lembrete severo da realidade dos impactos da mudança climática sobre a saúde humana, e a necessidade urgente de ação para mitigar seus efeitos.
Com o objetivo de coordenar a preparação e reduzir os impactos do calor excessivo na saúde pública, as organizações internacionais estão instando os governos a adotar medidas emergenciais e estratégicas. Maria Neira, diretora de saúde pública e meio ambiente da OMS, enfatizou a necessidade de uma ação ampla e sistemática.
“Cada governo, desde o nível local ao central, precisa olhar para um sistema de vigilância muito forte para garantir que detectemos todas essas pessoas potencialmente em risco imediatamente”, disse Neira. “Todos nós precisamos garantir que tomemos essas medidas urgentes, mas também precisamos, a médio e longo prazo, descarbonizar nossa sociedade e mitigar a causa das mudanças climáticas”.
Com as altas temperaturas deste verão sendo comparadas à “nova COVID” pelo New York Times, devido ao aumento das hospitalizações, as autoridades governamentais e médicas estão especialmente preocupadas com a população idosa. Países como a Itália e a França, que têm uma grande proporção de cidadãos com mais de 65 anos, estão adotando medidas como o monitoramento de grupos vulneráveis por meio de visitas domiciliares e telefonemas.
Entretanto, não são apenas os idosos e os jovens que são vulneráveis ao calor extremo. Uma pesquisa recente destacada pela Bloomberg revelou uma correlação preocupante entre o aquecimento global e a deterioração da saúde mental. Os resultados mostraram um aumento nos episódios de ansiedade, problemas cognitivos e, nos casos mais extremos, tentativas de suicídio à medida que as temperaturas sobem.
À medida que enfrentamos um futuro de clima cada vez mais incerto e extremo, fica evidente que a mudança climática não é apenas uma questão ambiental, mas também de saúde pública. A colaboração entre a OMS e a WMO sinaliza um reconhecimento dessa interseção crítica e o início de uma ação coordenada para mitigar as crises de saúde decorrentes das mudanças climáticas.
*Com informações CLIMA INFO
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