O superávit acumulado da balança comercial em 2023 é de US$ 63,322 bilhões, o maior desde o início da série histórica em 1989. A safra recorde de grãos e a queda nas importações de combustíveis estão entre os principais fatores que impulsionaram esses números.
Beneficiada pela safra recorde de grãos e pela queda nas importações de combustíveis, a balança comercial – diferença entre exportações e importações – fechou agosto com superávit de US$ 9,767 bilhões, divulgou nesta sexta-feira (1º) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O resultado é o melhor para meses de agosto e representa alta de 137,8% em relação ao mesmo mês do ano passado, pelo critério da média diária.
Com o resultado de agosto, a balança comercial encerrou os oito primeiros meses do ano com superávit acumulado de US$ 63,322 bilhões, maior resultado para o período desde o início da série histórica, em 1989. O saldo positivo já supera o superávit comercial recorde de US$ 61,525 bilhões de todo o ano passado.
Dinâmica mensal de exportações e importações
Em relação ao resultado mensal, as exportações cresceram levemente, enquanto as importações despencaram em agosto. No mês passado, o Brasil vendeu US$ 31,211 bilhões para o exterior, alta de apenas 1,4% em relação ao mesmo mês de 2022 pelo critério da média diária. As compras do exterior somaram US$ 21,444 bilhões, recuo de 19,6% pelo mesmo critério.
Fatores chave
Do lado das exportações, a safra recorde de grãos e a maior demanda por minério de ferro contribuíram para a estabilidade, compensando a queda internacional no preço de algumas commodities (bens primários com cotação internacional). Do lado das importações, o recuo no preço do petróleo e de derivados foi o principal responsável pela retração.
Após baterem recorde no primeiro semestre do ano passado, após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, as commodities recuaram nos últimos meses. Apesar da subida do petróleo e de outros produtos no último mês, os valores continuam inferiores ao mesmo mês do ano passado.
Ao comparar o setor agropecuário, a safra recorde de grãos pesou mais nas exportações. O volume de mercadorias embarcadas subiu 43% em agosto na comparação com o mesmo mês de 2022, enquanto o preço médio caiu 17,5%. Na indústria de transformação, a quantidade subiu 3,1%, com o preço médio recuando 5,5%. Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada subiu 23,3%, enquanto os preços médios caíram 19,2%.
Produtos em destaque
Os produtos com maior destaque nas exportações agropecuárias foram milho não moído, exceto milho doce (10,8%), café não torrado (17,4%) e soja (14,8%). Destaque positivo para a soja, cujas exportações subiram 3,2% entre agosto do ano passado e deste ano. A safra recorde fez o volume de embarques do produto aumentar 44,2%, mas o preço médio caiu 20,4%.
Variações nas importações
Em relação às importações, os principais recuos foram registrados nos seguintes produtos: trigo e centeio (65%), milho não moído (37,9%) e látex e borracha natural (42,1%) na agropecuária; gás natural (69,9%), carvão não aglomerado (58%) e óleos brutos de petróleo (5,6%), na indústria extrativa; e compostos organo-inorgânicos (38,2%) e adubos ou fertilizantes químicos (45,1%), na indústria de transformação.
Perspectivas futuras
Apesar da desvalorização das commodities, o governo prevê saldo positivo recorde de US$ 84,7 bilhões, contra projeção anterior de US$ 84,1 bilhões, feita em abril.
Segundo o MDIC, as exportações diminuirão 1,4% este ano e encerrarão o ano em US$ 330 bilhões. As estimativas são atualizadas a cada três meses. As importações recuarão 10% e fecharão o ano em US$ 245,2 bilhões. As previsões estão muito mais otimistas que as do mercado financeiro. O boletim Focus, pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco Central, projeta superávit de US$ 70,9 bilhões neste ano.
Com informações da Agência Brasil
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