O desaparecimento de boa parte da diversidade biológica terrestre pode precipitar um desastre econômico global, especialmente nas nações em desenvolvimento e menos desenvolvidas. Um estudo publicado nesta semana por cientistas do Reino Unido mostrou que um colapso parcial dos ecossistemas de pesca, produção de madeira tropical e polinização selvagem aumentaria os custos anuais de empréstimo para 26 países em até US$ 53 bilhões, reduzindo assim a classificação de crédito soberano de mais da metade delas.
O relatório apresenta três cenários diferentes. No primeiro, o ritmo de perda da biodiversidade é interrompido totalmente. Já no segundo, o business-as-usual, a perda de natureza selvagem soma 46 milhões de hectares em 2030. No último, por sua vez, temos o ponto de inflexão: colapso parcial dos ecossistemas globais, com uma redução de 90% nos serviços de pesca marinha, polinização selvagem e fornecimento de madeira nas regiões tropicais, onde a perda de floresta natural é mais aguda. O cenário atual, sem alteração positiva ou negativa, já acarretaria uma queda na classificação de risco de crédito soberano de Índia, Bangladesh, China e Indonésia.
No pior cenário, a China seria o país mais afetado por esse processo, com um rebaixamento de aproximadamente seis graus em sua classificação de crédito soberano, o que pode promover um acréscimo de até US$ 18 bilhões à sua conta de pagamentos de juros. Outros países, como Índia, Bangladesh, Indonésia e Etiópia, também experimentariam um processo parecido, com redução de até quatro pontos em sua classificação.
“As economias que dependem dos ecossistemas enfrentam uma escolha: pagar agora, investindo na natureza, ou pagar mais tarde, com custos de empréstimos mais altos e dívidas crescentes”, explicou Matt Burke, professor da Sheffield Hallam University e coautor do estudo. “A opção ‘pague agora’ gera retornos de longo prazo para as pessoas, os negócios e a natureza. A opção ‘pagar depois’ tem riscos significativos de queda, com pouca ou nenhuma vantagem”.
Bloomberg e Reuters repercutiram as conclusões deste estudo.
Texto publicado originalmente em Clima INFO
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