Descoberta de corais profundos sem danos por mudanças climáticas traz esperança para a preservação de recifes
Em novembro de 2020, cientistas descobriram um recife de corais medindo 499,8 metros de altura na Austrália. Foi o primeiro recife isolado da Grande Barreira de Corais australiana descoberto em 120 anos e uma prova de que ainda não estamos perto de conhecer toda a biodiversidade que os oceanos abrigam.
E a mais recente descoberta de cientistas no Taiti comprova isso: um novo recife de corais com cerca de 3 quilômetros foi descoberto em uma zona crepuscular do oceano, uma parte que ainda recebe quantidade suficiente de luz para a manutenção de diversas formas de vida.
O recife está a uma profundidade de cerca de 70 metros e é um dos maiores recifes já descobertos em profundidades maiores do que 30 metros.
“É uma notícia positiva sobre os recifes de coral, o que é bastante raro hoje em dia” disse o chefe de política marinha da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Julian Barbiere, em entrevista à rede CNN.
Segundo ele, a descoberta oferece esperança de que exista ainda mais biodiversidade preservada a ser descoberta em partes inexploradas do oceano, já que o recife não apresenta sinais de impactos causados pela crise climática.
“SABEMOS MUITO POUCO SOBRE O OCEANO, E AINDA HÁ MUITO QUE PRECISA SER REGISTRADO, PRECISA SER MEDIDO.”
Julian Barbière, chefe de política marinha e coordenação regional da UNESCO
Recifes ameaçados
Cientistas preveem que 70% a 90% dos corais restantes do mundo desaparecerão nos próximos 20 anos. Isso porque as mudanças de temperatura incentivam o branqueamento dos corais e o aumento do dióxido de carbono na atmosfera leva à acidificação dos oceanos.
Um estudo de 2020 descobriu que, desde 1950, a quantidade de corais vivos já havia sido reduzida pela metade por causa da pesca excessiva, poluição e crise climática. Um relatório do Global Coral Reef Monitoring Project indicou que entre 2009 e 2018 14% dos corais do mundo foram mortos.
Descoberta e esperança
O recife no Taiti foi encontrado pela primeira vez em novembro de 2021 como parte de uma missão liderada pela UNESCO na Polinésia Francesa. Os pesquisadores passaram 200 horas mergulhando e explorando o coral e até o viram desovar.
Em entrevista ao The Guardian, Alexis Rosenfeld, fotógrafo subaquático francês e membro da equipe da expedição relatou a experiência: “Foi mágico testemunhar corais rosas gigantes e lindos que se estendem até onde a vista alcança. Foi como uma obra de arte.”
A aparência saudável deste novo traz esperança já que recifes intactos levam de 25 a 30 anos para se desenvolver e prosperar, o que indica que o novo recife existe há pelo menos 20 anos. Os cientistas acreditam que com esta descoberta podem encontrar pistas sobre como proteger outros recifes vulneráveis.
“A DESCOBERTA DESTE RECIFE EM UMA CONDIÇÃO TÃO PRIMITIVA É UMA BOA NOTÍCIA E PODE INSPIRAR A CONSERVAÇÃO FUTURA.”
Laetitia Hédouin, bióloga marinha
“Achamos que os recifes mais profundos podem ser mais protegidos do aquecimento global”, disse Laetitia Hédouin, bióloga marinha do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica e do centro de pesquisa ambiental CRIOBE.
Mais mergulhos para o recife descoberto no Taiti já estão programados. Segundo Laetitia, a pesquisa sobre corais mais profundos, pode ajudar a entender como este recife tem sido resiliente às mudanças climáticas e ação humana e qual o seu papel para o ecossistema oceânico.
Fonte: CicloVivo
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