Dados do INPE mostram que número de queimadas aumentou 13% no Cerrado e 17% na Amazônia, em comparação ao mesmo período de 2021
Dados divulgados na noite desta quinta-feira, 30 de junho de 2022, pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), apontam que o mês de junho teve o maior número de focos de calor na Amazônia desde 2007. Os dados revelam que foram registrados 2.562 focos de calor. Mato Grosso e Pará lideram, concentrando 64,5% e 21,7% dos focos, respectivamente.
Desde 23 de junho, o uso do fogo em território nacional foi proibido por 120 dias, de acordo com decreto presidencial (nº 11.100/22). Ainda assim, 1.113 focos foram registrados na Amazônia a partir desta data.
Além da Amazônia, no Cerrado, o número de focos de calor segue alto, com 4.239 focos. Entre janeiro e junho de 2022, foram detectados 10.869 focos de queimadas no Cerrado, um aumento de 13% em comparação ao mesmo período de 2021, quando foram registrados 9.568 focos. É o maior número para o período desde 2010. Já no Pantanal, houve um aumento de 17% em relação a junho de 2021, com 115 focos registrados.
“A estação seca mal começou e a Amazônia já está batendo novos recordes na destruição ambiental. O ocorrido não surpreende visto que a região está sob intensa ameaça, com altos níveis de ilegalidade que continuam devastando grandes áreas e vidas. Esse cenário se fortaleceu nos últimos três anos na Amazônia como resultado direto de uma política aplicada com êxito que facilita e estimula o crime ambiental”, comenta Cristiane Mazzetti, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil. “É tempo de pensarmos sobre a Amazônia que precisamos para o nosso futuro”, completa Mazzetti.
Segundo o Greenpeace, as ações do governo federal nos últimos anos, que, dentre outras ações, desmantelou órgãos de fiscalização ambiental, resultaram na elevação drástica do patamar da destruição ambiental.
Biomas ameaçados
Mais áreas devem queimar nos próximos meses, período em que a floresta está mais seca, e quando o fogo é utilizado para realizar o desmatamento ou queimar os restos da floresta derrubada depois de secar ao sol.
“A tendência desse contexto é catastrófica, não somente pela perda da biodiversidade nesses biomas, mas também para as populações que vivem na Amazônia e adoecem com a fumaça, em especial os povos indígenas e comunidades tradicionais que além de sofrer com a fumaça, têm seus territórios invadidos e desmatados. Esses números reforçam o desafio de superarmos essa economia que se alimenta de floresta e que não desenvolve a região. É um ano decisivo para o Brasil. É preciso que o povo brasileiro reflita profundamente sobre o futuro que precisamos para o nosso país”, complementa Mazzetti.
Desmatamento
O desmatamento também apresenta tendência de alta recorde no Cerrado e na Amazônia. Os dados do DETER/INPE para desmatamento foram atualizados até o dia 24 de junho. Mas, mesmo faltando uma semana para fechar o mês, o Cerrado teve em 2022 o pior mês de junho já registrado desde o início do monitoramento no bioma. Foram desmatados 752 km². A área sob alerta de desmatamento em junho de 2022 aumentou 55% em comparação a junho do ano passado.
No acumulado do início do ano até o dia 24 de junho, o Cerrado também teve o pior início de ano desde o lançamento do DETER no bioma. Foram desmatados 3.364 km² desde o início de 2022 – um aumento de 34% em relação ao mesmo período em 2021.
Na Amazônia, o mês de junho apresentou uma redução de 17% no número de alertas de desmatamento, em comparação com junho de 2021. No acumulado de alertas desde o início do ano, porém, a Amazônia teve o pior início de ano desde o lançamento do DETER: 3.750 km², um aumento de 4% em relação ao mesmo período no em 2021.
“Com Bolsonaro correndo atrás nas pesquisas, os grileiros, os garimpeiros e todos que navegam na impunidade hoje reinante estão sentindo que precisam correr para consolidar seus crimes, com receio de que um novo governo possa acabar com essa festa. É uma verdadeira corrida contra o Brasil e até o final do ano vamos ver o tamanho desse desastre,” afirma Raul do Valle, especialista em políticas públicas do WWF-Brasil.
A Amazônia que precisamos
Enquanto a Amazônia queima e representa uma dinâmica que precisamos eliminar, no último mês o Greenpeace realizou em Manicoré (AM) uma expedição para mostrar a Amazônia que precisamos para o futuro, junto de pesquisadores estudando a biodiversidade e de comunidades tradicionais que lutam pela proteção de seu território já ameaçado pelo avanço do desmatamento, da grilagem e da exploração madeireira na região.
Saiba mais sobre a expedição aqui.
Fonte: CicloVivo
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