A mudança de cenário dos últimos meses, com taxas de crescimento altíssimas, para uma indústria tão regulada e dependente de mão de obra altamente especializada, somada ao aumento dos custos de combustível, em um setor que tipicamente possui baixa rentabilidade, tem sido a tempestade perfeita para as indústrias do Polo Industrial de Manaus que dependem deste modal
Por Augusto Cesar Rocha
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Faz menos de um ano que a administração do aeroporto Eduardo Gomes foi transferida para a Vinci Airports, empresa francesa, como parte do Bloco Norte I da ANAC, por R$ 420 milhões. É uma nova tentativa de desenvolvimento deste modo de transporte, que é compatível com a imensidão Amazônica. Manaus já possui o terceiro aeroporto de cargas do Brasil, logo após Guarulhos e Campinas, em São Paulo.
Dias atrás, a Aena, espanhola, arrematou Congonhas (SP) e mais dez terminais, por R$ 2,45 bi, incluindo Belém (PA), Macapá (AP), Altamira (PA), Parauapebas (PA) e Santarém (PA). Estamos num momento de mudança de ciclo neste setor, com a criação de grandes oportunidades para o transporte aéreo da região Norte. Muito do interior do Amazonas, Amapá, Pará e Roraima, em especial, deveriam ser atendidos com voos de pequeno porte e frequentes, usando os rios ou pequenos aeroportos.
Saindo da infraestrutura regional, as cadeias logísticas globais seguem sentindo os efeitos da pandemia. O modal aéreo está com grande demanda, mas sem o volume de voos compatível, o que tem levado a um grande tempo de trânsito, enorme pressão nos custos, falta de pessoal e deficiências diversas. A mudança de cenário dos últimos meses, com taxas de crescimento altíssimas, para uma indústria tão regulada e dependente de mão de obra altamente especializada, somada ao aumento dos custos de combustível, em um setor que tipicamente possui baixa rentabilidade, tem sido a tempestade perfeita para as indústrias do Polo Industrial de Manaus que dependem deste modal.
Para referência, um quarto dos 480.000 voos para fora ou dentro da Europa, programados para os primeiros 17 dias de agosto foram interrompidos, abaixo de 29% para julho. Estes números são muito piores do que antes da pandemia. No Brasil, o número de passageiros afetados por atrasos ou cancelamentos é de “apenas” 14%. Na questão da rentabilidade, as empresas aéreas nacionais saíram de um prejuízo de R$ 6 bilhões no primeiro trimestre de 2021 para um lucro de R$ 4,5 bilhões no mesmo período de 2022, conforme informado pela ANAC em agosto. Todavia, há importações que estão com tempo de trânsito de várias semanas.
Neste contexto de desafios e oportunidades, em 13/09/2022 será realizado o VI Fórum de Logística no Amazonas, com a presença de profissionais de renome na área de transporte de cargas, como o gestor local da Vinci e importantes empresários nacionais e internacionais do setor, de empresas como Atlas Air e a Azul Cargo. O evento, aberto à empresários e profissionais, é organizado pela Federação da Indústria do Estado do Amazonas (FIEAM), em conjunto com o Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (CIEAM) e a Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
Outra oportunidade é o turismo, que seria apoiado se uma “nuvem” de aeronaves de médio porte integrasse, com voos frequentes, o interior profundo com as capitais dos Estados do Norte do Brasil e delas para o restante do país e do mundo. Se a Embraer, que é a principal produtora de jatos para distâncias mais curtas, com cerca de 120 assentos, que são populares na América do Norte, tivesse esta atuação também aqui, poderíamos começar a mudar a história do turismo na Amazônia. Inscrições para o evento em http://www.fieam.org.br/2022/09/02/4161.
Assista ao webinar Diálogos Amazônicos – Desafios da Infraestrutura na Amazônia Brasileira aqui:
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