Ter um INPA longe da pesquisa aplicada e do mercado é um erro para o país. Talvez o que falte para o INPA ser alçado ao seu merecido patamar seja a decisão de conduzir a sua vocação para dois INPAs fortes: um da pesquisa básica, tão fundamental, relevante e importante e outro integrado ao mercado, com total benefício para o Brasil e as suas populações.
Por Augusto César Rocha
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Embora muitos de nós relutemos em admitir, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) possui em suas mãos conhecimento para fazer um futuro próspero no Amazonas e na Amazônia. Mesmo acreditando que o crescimento econômico não pode ser um fim em si mesmo e que a floresta sob uma redoma é um equívoco para o presente, pois a redoma segue furada e existe o mito da “distância dos grandes centros do país”, seguimos sem ter o INPA como um artífice do futuro. Qual a razão?
Da mesma forma que em outros lugares, falta ali um pouco de autocrítica e há muito de divulgação ineficaz. Estou fora do INPA e tenho contatos esparsos com seus brilhantes profissionais, mas o suficiente para admirar a instituição. Mesmo assim, não consigo compreender quais as razões de termos tanta produção científica vinda de lá e tão poucas pautas de futuro resultantes destas pesquisas ou seu eco adotado amplamente pela sociedade – além daquele mantra que todos sentimos em nossas almas: precisamos proteger a Amazônia.
Não consigo perceber outro consenso vindo de lá. Também não percebo meia dúzia de pautas possíveis, mesmo que dissonantes. Parece que as questões ficam restritas para políticas internas e vivem dissociadas da transição entre a pesquisa pura e a pesquisa aplicada, tudo muito distante das inovações tecnológicas.
Ter o INPA voltado para a pesquisa básica é um brinde para a ciência. Ter um INPA longe da pesquisa aplicada e do mercado é um erro para o país. Talvez o que falte para o INPA ser alçado ao seu merecido patamar seja a decisão de conduzir a sua vocação para dois INPAs fortes: um da pesquisa básica, tão fundamental, relevante e importante e outro integrado ao mercado, com total benefício para o Brasil e as suas populações.
Os marcos legais estão postos, mas é necessária uma modernização do Instituto, das mentes e das atitudes. Do pouco que ouvimos do INPA, nos últimos dias, começou um clamor por apoio, por conta de um virtual desmonte da instituição. Se isso for verdade, ao invés de expandir, dinamizar e crescer o INPA, correremos na contramão da história, reduzindo-o. Tomara que não.
Como a maior parte de seus líderes médios parecem não estar habituados a dialogar com a sociedade, a compreensão dos contextos e das questões para qualquer tipo de avaliação não são claras. Não deixem o INPA morrer, cresçam o INPA – fica o apelo de todos que vos admiram.
A gente não quer só ciência de vocês, a gente quer ciência, produtos e riqueza para o Brasil. Chega de gerar ciência apenas para estrangeiros e periódicos. Somos pobres. Sem a geração de riqueza financeira, vocês serão reconhecidos, mas serão continuamente destruídos – até a irrelevância. Precisamos encarar as falhas e agir para criar um INPA forte e inovador.
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