Candidatos ao governo defendem a mineração como solução para economia do estado menos desmatado da Amazônia
Com o Amapá tendo 77% de seu território dispondo de cobertura florestal, os dois principais candidatos ao governo estadual apresentam poucas propostas concretas para a política ambiental. Por outro lado, defenderam o fortalecimento da mineração como uma das principais atividades para o desenvolvimento econômico do estado.
Localizado no extremo norte do país e “isolado” do ponto de vista de conexões rodoviárias, o Amapá detém grande potencial para exploração mineral, tanto em terra quanto em sua costa litorânea. A mineração também fez parte da história de ocupação deste estado, com intensivos projetos ainda na década de 1950, como o da Serra do Navio.
A um mês das eleições, hoje a disputa está polarizada entre o ex-prefeito de Macapá, Clécio Luís, do Solidariedade (SDD), e o atual vice-governador, Jaime Nunes, do Partido Social Democrático (PSD).
De acordo com a pesquisa Ipec/Rede Amazônica, divulgada em 24 de agosto, Clécio tem 41% das intenções de votos, enquanto Jaime Nunes ficaria com 35%. A sondagem ouviu 800 eleitores amapaenses em oito cidades. Ela está registrada no TRE-AP com o número 01513/2022.
O tema mineração entrou ainda mais em debate na política local após a Petrobras anunciar, no começo de agosto, que vai perfurar seis poços de petróleo na linha de fronteira do Amapá com a Guiana Francesa. Ao todo, a petroleira vai explorar oito poços na chamada margem equatorial entre 2022 e 2025, com investimentos de US$ 1 bilhão.
O anúncio foi comemorado por todos os setores políticos do estado, já que os investimentos são vistos como geradores de emprego e de movimentar a economia do estado. A exploração dos recursos minerais no Amapá data ainda da segunda metade do século passado. A cidade de Serra do Navio, por exemplo, surgiu a partir da estrutura criada para abrigar os funcionários de uma mineradora. Até hoje o município tem na mineração a sua principal atividade econômica.
Em seu plano de governo, o preferido das intenções de voto, Clécio Luís, fala em “fortalecer o programa de desenvolvimento do setor mineral, com incentivo às atividades cooperativas e mineração industrial”. Outra proposta é criar o Plano Estadual de Agregados Minerais para o “ordenamento territorial da atividade” mineradora, além de implementar os distritos minerais de Vila Nova e Lourenço.
Clécio Luís também propõe fazer a inserção do Amapá no mercado de carbono e de pagamento por serviços ambientais. Outro ponto é “ampliar as ações de concessão e de manejo florestal”, e o uso sustentável dos recursos naturais disponíveis dentro das unidades de conservação do estado. Ele ainda defende fortalecer o plano estadual de combate ao desmatamento e às queimadas.
O plano de Jaime June apresenta outros pontos mais específicos para o meio ambiente. Já com um programa de governo mais enxuto, o atual vice-governador cita a mineração em um único ponto, ao propor a criação da Agência de Mineração e Energia do Amapá. No campo de promessas para a área econômica, o candidato diz que vai “dinamizar e desburocratizar o licenciamento ambiental”, um tema defendido pelo atual presidente e candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro.
Dentro da Amazônia Legal, o Amapá tem a menor área de floresta desmatada desde 1988, segundo os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O estado responde por apenas 0,33% da área total desmatada no bioma desde então, o que representa uma área de 1,6 mil km2.
Fonte: O Eco
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