Cientistas e governos estão caminhando sobre o fio da navalha para fechar o sumário para tomadores de decisão do próximo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) a ser lançado no final deste mês. Eles se reuniram nesta 2ª feira (14/2), em Berlim, para finalizar o relatório do Grupo de Trabalho II (WGII) sobre como o aquecimento global está afetando e vai afetar a vida das pessoas, seu ambiente natural e o planeta.
De acordo com a France24, a presidente do IPCC, Hoesung Lee, disse que as apostas nunca foram tão altas na luta contra o aquecimento global. O relatório apresentará sete capítulos regionais “sobre como as mudanças físicas no clima mudam a vida das pessoas”, antecipou à Associated Press a cientista ambiental sul-africana Debra Roberts, copresidente do IPCC.
Segundo ela, o documento terá forte ênfase nas cidades. O resumo, que precisa ser aprovado por consenso nas próximas duas semanas, deverá ser um balanço entre uma mensagem apocalíptica e outra que traga algum sopro de esperança diante das consequências, para todas as formas de vida, do aquecimento global provocado pela ação humana.
Entre a culpa, a paralisia, o pânico e a ação, a linha é tênue. O fato é que, pelas declarações que já vêm sendo dadas sobre o documento, é possível apreender que as notícias não serão nada animadoras. “As evidências horríveis do IPCC de crescentes impactos climáticos devem mostrar um pesadelo pintado na linguagem seca da ciência”, estima Teresa Anderson, líder das questões de justiça climática na organização ActionAid Internacional em declaração à AP.
Na semana passada, o biólogo alemão Hans-Otti Poertner, copresidente do Relatório, havia alertado que a ciência é clara sobre os limites, inclusive de temperatura, suportáveis para ecossistemas, espécies e humanos. Segundo ele, em alguns lugares o aquecimento está próximo desses limites e, em alguns casos, como no caso da maioria dos recifes de corais, os limites já foram ultrapassados.
Petteri Taalas, secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, alertou para os possíveis impactos que a conversa sobre o apocalipse climático pode ter na saúde mental das pessoas. Seja como for, teremos de agir rápido se quisermos evitar o caminho da dor.
Em tempo: O Centro de Justiça Climática ligado à Glasgow Caledonian University buscou saber por quais motivos as mudanças climáticas afetam mais as mulheres. Os pesquisadores chegaram a duas conclusões principais. Primeiro, porque os desastres climáticos extremos agravam ainda mais desigualdades já existentes – a de gênero dentre elas. Segundo, porque as mulheres não têm representação suficiente nas negociações climáticas. Com isso, as decisões acabam por não refletir soluções para suas reais necessidades. A BBC traz mais detalhes.
Fonte: ClimaInfo
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