O governo federal segue se omitindo no combate ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. A Folha destacou um levantamento feito pelo Ministério Público Federal (MPF) mostrando que apenas nove dos 421 garimpos identificados contaram com algum tipo de ação policial por parte do poder público. Isso significa que a União continua desrespeitando a decisão da Justiça Federal que ordenou a desintrusão dos garimpeiros da área indígena.
De acordo com agentes envolvidos em operações antigarimpo, a falta de infraestrutura básica para as visitas de campo é o principal problema, em especial a indisponibilidade de aeronaves e helicópteros para transportar as equipes até as áreas afetadas. As Forças Armadas, que possuem esses equipamentos e que poderiam colaborar com as operações, têm se recusado a fornecer as aeronaves.
Em compensação, do lado dos garimpeiros, o apoio logístico tem sido um fator-chave para a expansão da extração ilegal de ouro de Áreas Protegidas: estima-se que os criminosos possuam mais de 100 aeronaves para o transporte de combustível, equipamentos e pessoal, além da retirada do minério explorado. Como destacamos aqui ontem, muitas das aeronaves envolvidas com atividades ilegais também prestam serviços a órgãos públicos federais na Amazônia, como a FUNAI e o ministério da saúde, com quem seus proprietários possuem contratos vigentes para transporte na região Norte.
Ainda sobre Terras Indígenas, a Folha abordou o abandono da reserva Jacareúba-Katawixi, no sul do Amazonas, por parte da FUNAI: a área está sem proteção legal há seis meses, quando venceu uma portaria que restringia a entrada de forasteiros em terrenos com presença de índios isolados. Na última 6a feira (20/5), organizações indígenas enviaram uma carta ao procurador do MPF-AM, Fernando Merloto Soave, responsável pela questão, na qual ressaltaram os riscos que os indígenas isolados podem correr com a invasão de suas terras e a necessidade de uma resposta imediata do governo federal para evitar o extermínio desses grupos.
Em tempo 1: Rafael Garcia assinalou n’O Globo o risco crescente que Unidades de Conservação e Terras Indígenas estão enfrentando sob o atual governo federal. Áreas que deveriam ser protegidas viraram alvo de criminosos, com a anuência do poder público. De 2019 até 2021, a taxa de desmatamento nas UCs quase dobrou, com um salto de 77% (1.235 km2) em relação ao total contabilizado nos três anos anteriores (700 km2); já nas TIs, o salto é maior, com alta de 88% (de 730 km2 em 2016-2018 para 1.370 km2 em 2019-2021).
Em tempo 2: A líder indígena e ativista Sônia Guajajara foi incluída na lista das cem personalidades mais influentes do mundo pela revista TIME. Em textoassinado pelo líder social Guilherme Boulos, a publicação destacou como Guajajara tem se tornado um símbolo da resistência da mulher indígena aos sucessivos ataques do governo federal, do Congresso Nacional e de grupos anti-indígenas no Brasil. “Sônia é uma inspiração, não só para mim, mas para milhões de brasileiros que sonham com um país que salde suas dívidas com o passado e finalmente acolha o futuro”, escreveu Boulos. Outro brasileiro na lista dos influentes da TIME é o cientista Túlio de Oliveira, um dos principais pesquisadores por trás da descoberta da variante ômicron do SARS-Cov-2 na África do Sul. Folha, g1, Galileu e Metrópoles repercutiram a notícia.
Fonte: Clima INFO
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