O delegado da Polícia Federal (PF) Roberto Moreira da Silva Filho, de 35 anos, morreu na madrugada de sábado (27) durante uma operação contra a extração ilegal de madeira na terra indígena de Aripuanã, a cerca de 920 quilômetros de Cuiabá, capital do Mato Grosso. Ele comandava a Operação Onipresente
Por – UOL
Segundo a Polícia Federal, o delegado e a equipe estavam fiscalizando caminhões quando um motorista se recusou a parar, descumprindo uma ordem policial, e tentou atropelar os agentes. Os policiais atiraram, mas uma das balas ricocheteou e atingiu o delegado.
Ao UOL, a Polícia Federal de Mato Grosso afirmou que o caminhoneiro conseguir fugir do local da fiscalização, mas foi identificado após procurar atendimento médico para tratar um ferimento no pé.
O homem foi interrogado pela Polícia Civil e deve responder por tentativa de homicídio, entre outros crimes, por jogar o caminhão em direção a equipe da Polícia Federal.
Natural de Brasília, Roberto Filho era chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico do Mato Grosso desde dezembro de 2020. Antes de assumir o cargo, ele participou de várias operações ambientais no estado.
Segundo a assessoria da PF, Roberto Filho foi responsável por inúmeras ações que resultaram em prisões em flagrante, apreensão de madeira ilegal e destruição de veículos e equipamentos usados em práticas delituosas. Ele foi descrito como um agente muito atuante.
A Polícia Federal divulgou hoje uma nota de pesar pela morte do delegado Roberto Moreira da Silva Filho. No texto, o órgão ressalta que a superintendência da PF em Mato Grosso está acompanhando de perto a investigação sobre as circunstâncias da morte.
Somente após a perícia será possível identificar o autor do disparo, informou a assessoria da PF.
PF estima que dez caminhões deixam a Terra Indígena Aripuaña por dia
Realizada em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Operação Onipresente integra o programa federal Guardiões do Bioma. De acordo com a PF, as ações deflagradas no norte e noroeste do Mato Grosso buscam impedir diversos crimes ambientais, principalmente a extração ilegal de madeira e o desmatamento, e reunir provas para identificar e punir criminosos.
Madeira Ilegal
Há anos, a região é alvo da cobiça de madeireiros atraídos principalmente pelo ipê. Em 2018, servidores do Ibama, da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Polícia Civil de Mato Grosso apreenderam 13 caminhões, três pás carregadeiras, quatro tratores adaptados para a retirada de árvores, dois tratores de esteira, dois reboques florestais, oito motos, 12 motosserras, uma caminhonete e seis armas de fogo durante uma única operação conjunta.
Vinte e duas pessoas foram identificadas por envolvimento com ilícitos ambientais e por tentarem obstruir as vias e impedir a apreensão dos equipamentos —o que levou os agentes a destruir a maior parte dos bens apreendidos no próprio local.
Recentemente, a PF estimou que ao menos dez caminhões deixam a Terra Indígena Aripuaña diariamente, carregados ilegalmente com toras de madeira de alto valor comercial —o que motivou a corporação a anunciar, em julho, que intensificaria suas ações.
Texto publicado originalmente em Noticias UOL
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