Instituto Homem Pantaneiro coleciona batalhas e conquistas em defesa do bioma e recebe apoio da GM para ampliar suas ações e resultados
Em 2022, a General Motors se tornou oficialmente parceira do Felinos Pantaneiros, programa do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) em defesa da onça pintada. Uma história de amor pelo Pantanal que começou há muito tempo. Mais precisamente na década de 80, quando o fundador do IHP defendeu (literalmente) com a própria vida outra espécie icônica do bioma: o jacaré.
O Coronel Angelo Rabelo, fundador e presidente do IHP, trabalhava na Polícia Militar no início dos anos 80 e conta que a biodiversidade do Pantanal estava ameaçada por caçadores. “Entre 1980 e 1991 cerca de 5 milhões de peles de jacarés foram retiradas do Pantanal”, relembra.
Eram tempos de combates diários contra a caça e, em um confronto com coureiros, Rabelo perdeu um amigo e foi atingido por um tiro. Ficou 2 anos afastado e, ao invés de aceitar a aposentadoria, voltou para ajudar a fundar a Policia Florestal em Corumbá e seguir na batalha para salvar o jacaré da extinção.
A vitória definitiva contra a caça à espécie veio apenas em 1991, quando Rabelo acredita que o domínio da região foi finalmente conquistado e 2 anos após a caça haver sido criminalizada. Depois de uma década de entrega e de quase ter perdido a vida, a missão estava cumprida. Mas era só o começo.
Quando deixou a Polícia Florestal, Rabelo continuou a trabalhar pela vida do Pantanal. Com o apoio de Neiva Guedes e outras pessoas e entidades que já atuavam na conservação do bioma, ajudou a criar corredores e áreas de conservação para a fauna e a flora. Em 2002, este trabalho teve continuidade com a criação do Instituto Homem Pantaneiro, organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que trabalha pela conservação e preservação do bioma Pantanal e da cultura local. O nome é uma homenagem às pessoas que ajudaram Rabelo a derrotar a caça na região.
Fogo em 2020
O IHP realiza a gestão da Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar, ou Rede do Amolar, uma área de 276 mil hectares, dos quais 201 mil são legalmente protegidos. A iniciativa surgiu a partir da parceria entre IHP, Instituto Acaia Pantanal, Fazenda Santa Tereza, Fundação Ecotrópica e Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense/Instituto Chico Medes (ICMBio) e Polícia Militar Ambiental.
Em 2020, o fogo que devastou o Pantanal queimou cerca de 97% deste território. Neste momento trágico, o Instituto Homem Pantaneiro se destacou pela atuação dos brigadistas que combateram o fogo de forma heroica e pelo trabalho incansável da sua equipe em resgatar e cuidar dos animais do Pantanal.
Aqui, voltamos a falar do Programa Felinos Pantaneiros, responsável por salvar a vida de JouJou, uma das onças que foi notícia em todo o Brasil ao ser resgatada do fogo, tratada pelos veterinários do IHP e posteriormente devolvida com saúde ao seu habitat. O nome Joujou é uma homenagem à Juana, cozinheira da sede do IHP. Joujou, como Juana é conhecida, trabalhou dias e noites sem parar para garantir alimento e cuidado aos brigadistas e voluntários que combateram as queimadas e ajudaram suas vítimas em 2020.
As imagens da onça sendo resgatada e tratada pelos veterinários ficaram famosas e simbolizaram a luta pela vida no Pantanal depois do fogo, causado pela ação humana. E aí que entra outro personagem desta história de amor ao Pantanal: o veterinário Diego Viana.
Bisneto de caçador reescreve a história
Com 34 anos, Diego fala sobre a onça pintada com a autoridade de um veterano no assunto. Formado pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, o corumbaense coordena o Felinos Pantaneiros. Ele conta que o programa começou com uma parceria entre o IHP e pecuaristas da região. De um lado, ambientalistas procuravam preservar a onça pintada e, do outro, fazendeiros precisavam proteger o gado de ataques constantes.
O trabalho começou na fazenda BrPec, que registrava 930 ataques de onça ao gado todos os anos. No primeiro ano de atuação do IHP, este número caiu para 220. E o melhor: sem que nenhuma onça fosse morta para isso. Com estudos científicos sobre o comportamento do animal e conscientização dos pecuaristas, medidas como a instalação de cercas elétricas e repelentes luminosos vão sendo adotadas e as onças e o gado seguem com cada vez menos “interações negativas”, como os ataques são classificados.
Soluções
Os repelentes luminosos são uma solução simples que mantém as onças longe porque os animais preferem se manter afastados de algo que não reconhecem. Por isso é importante que o equipamento varie sempre a frequência e combinação das luzes de LED que emite. As armadilhas podem manter as onças afastadas do rebanho e também dos cachorros das comunidades ribeirinhas, que às vezes são atacados.
Já as cercas elétricas mantêm as onças longe do gado, mas não oferecem risco à saúde do animal. O choque é fraco e é diferente da cerca usada para conter o gado. Diego explica que a ideia é cercar apenas as áreas onde estão os bezerros, que são alvos por serem animais menores. Desta forma, a instalação das cercas é restrita a algumas áreas e tem impacto ainda menor no habitat.
Outro recurso para evitar as interações negativas das onças com o rebanho é o mapeamento dos ataques e o estudo em relação ao comportamento dos animais. Com isso, os pesquisadores sabem lugares mais propensos a ataques e os fazendeiros recebem orientações de onde devem ou não instalar as maternidades nas suas fazendas.
O Programa Felinos Pantaneiros trabalha com o conceito de saúde única, que envolve a saúde do ecossistema, das pessoas e dos animais. “Com conhecimento científico é possível produzir e conservar ao mesmo tempo”, garante Diego.
O veterinário e sua equipe trabalham com fazendeiros e também realizam ações de educação ambiental nas escolas e comunidades ribeirinhas, que já impactaram mais de 6 mil pessoas. Segundo ele, onça pintada é a palavra que ele mais fala na vida, com satisfação.
Diego conta que é bisneto de um caçador famoso na região e que o instinto de buscar onças está no seu DNA. “Mas enquanto meus antepassados procuravam onças para matar, eu escrevo uma história diferente. Eu trabalho para deixar elas vivas”, conta com a emoção de quem encontrou no trabalho seu propósito de vida.
Onças pantaneiras
No Pantanal estão as maiores onças pintadas do mundo. Até hoje, já foram registrados mais de 111 animais nas áreas de atuação do projeto: Serra do Amolar, Corumbá e Miranda, e o maior macho encontrado pesava 150 quilos. Em todo o Pantanal, a estimativa mais atual é de que existam cerca de 5 mil onças-pintadas, espécie considerada Vulnerável na Lista de Espécies Ameaçadas do MMA (Ministério do Meio Ambiente), e quase ameaçada na Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza).
A preservação da espécie está diretamente ligada com outras frentes de atuação do IHP, como a gestão de corredores de preservação, o combate ao fogo, a preservação das nascentes e a valorização da cultura local. “Buscar a preservação do habitat destes animais é assegurar a conservação de todo o Pantanal”, garante Rabelo. Além das onças, o Pantanal é habitat de outros felinos: A onça parda, ou suçuarana, a jaguatirica, o gato mourisco e o gato palheiro.
A atuação do IHP junto aos pecuaristas deve ser ampliada nos próximos meses, com uma parceria entre o Programa Felinos Pantaneiros e 42 fazendas da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica.
Outra frente de atuação é o monitoramento das onças por meio da instalação de armadilhas eletrônicas que registram imagens dos felinos. Também são realizadas algumas capturas de animais que passam por avaliação de saúde completa e podem receber coleiras eletrônicas para análise de aspectos importantes do seu comportamento.
O custo unitário de cerca de US$ 20 mil restringe o número de monitoramentos realizados. Mas, as coleiras são programadas para se desprender do pescoço dos animais em um dia determinado e podem ser reaproveitadas em novas capturas.
A coleira de Joujou se soltou em junho de 2022, um acontecimento comemorado pela equipe do programa já que indica que o animal foi 100% recuperado e reintegrado ao seu habitat. A equipe busca agora pela coleira para poder usá-la no monitoramento de outra onça, de preferência uma fêmea.
A escolha de uma fêmea para o próximo monitoramento se deve ao fato de que o outro animal que carrega uma coleira é um outro macho. Guató foi capturado na Serra do Amolar e ganhou este nome em homenagem ao povo indígena da região. O nome foi escolhido por Diego. “Fiz questão de escolher este nome. Se não reconhecermos nossas raízes e não reverenciarmos nossas origens, vamos seguir sendo a espécie que está errando com o nosso planeta”, revela.
Parceria de longo prazo
Para todas as ações do programa Felinos Pantaneiros, um veículo que possa percorrer o terreno difícil da região é fundamental. “Além do aporte financeiro, nós doamos ao IHP uma S10Z71, um veículo com tração integral e garante o acesso aos locais mais difíceis do Pantanal e da Serra do Amolar”, explica Nelson Silveira, diretor de comunicação da GM para a América do Sul.
Nelson, outro apaixonado pelo Pantanal, conhece o Coronel Rabelo há muitos anos e garante que o apoio ao Instituto Homem Pantaneiro vai ser permanente. “Tem que preservar o Pantanal para sempre! É uma parceria de longo prazo e não uma ação pontual”.
A marca apoia outros 27 projetos de conservação. “Apoiamos projetos ambientais de preservação da biodiversidade em biomas importantes como o Pantanal e a Mata Atlântica. Temos também o compromisso de tornar a GM neutra em emissões de carbono por meio de seus produtos e de operações globais até 2040”, conclui Nelson.
Diego explica que o apoio financeiro da GM vem em um momento importante para o programa Felinos Pantaneiros e vai ajudar na compra de novos repelentes luminosos, além de possibilitar novas ações de educação ambiental nas fazendas, escolas e comunidades ribeirinhas. “Cada repelente luminoso custa US$ 90, fora as taxas de impostação e impostos”, explica o veterinário.
História e legado
Para Rabelo, o que garante a sustentabilidade ao trabalho do Instituto Homem Pantaneiro é justamente o apoio de parceiros como a GM. Depois de décadas de trabalho pela conservação do bioma, o coronel diz que se sente realizado. “O que me dá tranquilidade são as missões cumpridas e ver as pessoas que vão herdar e tocar em frente este trabalho. O tempo vai impondo limites e precisamos contar com outras pessoas e parcerias”, conta.
Mas engana-se quem pensa que não existem novos objetivos no horizonte. Eles existem e são grandiosos. A meta do coronel é ampliar a área de proteção que existe atualmente. “Hoje temos quase 300 mil hectares de área de preservação. Quero incluir mais 1 milhão de hectares de área dentro do Mato Grosso, até o Sesc Pantanal, e depois ampliar este território para a Bolívia, criando uma área preservada de mais de 3 milhões de hectares. A maior área de conservação do mundo. Este seria o maior legado que poderia deixar”, reflete Rabelo, com os olhos brilhando.
Como ajudar o Instituto Homem Pantaneiro?
O Instituto Homem Pantaneiro é uma organização sem fins lucrativos que depende de parceiros e contribuições para continuar o seu trabalho e ampliar suas ações. No site do IHP é possível se candidatar a trabalhos voluntários ou propor parcerias.
Outra maneira de colaborar é justamente viver a experiência incrível de conhecer o Pantanal. Por meio do Programa Amolar Experience, é possível visitar áreas de preservação no bioma, com todo o suporte da equipe do Instituto Homem Pantaneiro, com pacotes personalizados. Os investimentos no ecoturismo são revertidos para as atividades de proteção e conservação dessas áreas e para os agentes locais que participam das experiências produzidas pelo programa.
Viajantes e empresas podem acessar os serviços e produtos do Programa Amolar Experience pelo e-mail: [email protected] ou whatsapp: + 55 (67) 99946 5515.
Quem quiser, pode fazer doações em dinheiro para apoiar o trabalho do IHP pelo PIX 16575853/0001 91 (CNPJ do Instituto Homem Pantaneiro).
Um dos projetos que a sua contribuição pode ajudar a realizar é a instalação do Centro Veterinário (CAVET) na sede do IHP na Reserva do Acurizal. Neste espaço poderão ser atendidos animais selvagens, como os que foram resgatados do fogo em 2020, e animais domésticos das comunidades locais, que hoje não contam com nenhum local como este para cuidados veterinários.
“Com este Centro Veterinário estaremos muito mais preparados para cuidar de animais em casos de acidentes ou de eventos extremos, como as queimadas. Ter este atendimento local pode fazer a diferença na vida das onças e outras espécies”, explica o veterinário Geovani Tonelli, gestor de áreas do IHP, que vai ser responsável pelo CAVET na sede do Instituto.
Fonte: CicloVivo
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