Em coletiva de imprensa antes da COP27, embaixador do Egito desviou de comentar dados de desmatamento no Brasil mas reforçou necessidade de comprometimento de todos.
O embaixador egipcio Mohamed Ibrahim Nasr, diplomata do Ministério das Relações Exteriores do Egito, informou nesta terça-feira (25) que cerca de 90 líderes de estado já confirmaram presença na 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, a ser realizada entre 6 e 18 de novembro em Sharm-El-Sheikh, balneário do país norte-africano.
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), ainda não se manifestou sobre sua possível presença no evento. De fato, pouco se sabe sobre os membros que irão compor a comitiva oficial do Brasil no Egito.
Pesquisa realizada por ((o))eco no Diário Oficial da União, mostrou que, de julho até a data de hoje (25/10), 52 servidores dos ministérios do Meio Ambiente, Economia, Agricultura e Trabalho, além da Secretaria de Governo e Universidades Federais, foram liberados para participarem do evento.
O número ainda é baixo, considerando a participação oficial brasileira em edições anteriores do evento. Em 2021, foram 479 inscritos, a maior delegação entre todos os países participantes da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas naquele ano. O número só foi superado pelos anfitriões britânicos.
Para 2022, as expectativas também estão altas: o estande brasileiro terá 500 m², a maior área requerida pelo Brasil na COP.
“Dois Brasis”
A forma como o Brasil vai se apresentar na Conferência ainda vai ser definida, dependendo do resultado do segundo turno das eleições no próximo domingo. Se Lula ganhar, especialistas acreditam que veremos “dois brasis” em Sharm-El- Sheikh: o oficial, que tentará manter a pose de bom moço diante do cenário internacional, mas já está marcado pelos resultados negativos na área ambiental, e o Brasil real, revelado por meio do trabalho das organizações da sociedade civil e membros de um possível governo de transição.
Se Bolsonaro ganhar, continuaremos a ver o Brasil pintado de verde, quando a realidade é bem mais cinza do que o setor ambientalista gostaria. O Brasil teve uma alta de 9,5% em suas emissões em 2021, indo na contramão da tendência mundial de queda de 7%, devido ao cenário de pandemia. O desmatamento, responsável pela maior fatia dessas emissões – cerca de 46% em 2021 – cresceu 47% no governo Bolsonaro e atingiu 13.038 km² no ano passado.
O que se sabe sobre a presença oficial brasileira na COP é que os representantes do governo Bolsonaro tentarão se afastar do tema “florestas”, focando nas iniciativas de geração de energia limpa no país.
Durante a entrevista coletiva na manhã desta terça-feira, o embaixador egipcio Mohamed Ibrahim Nasr evitou comentar sobre os dados de desmatamento na Amazônia. “O Brasil vai ter eleições agora e não posso comentar sobre as notícias sobre o país, mas temos ouvido de outras pessoas sobre a perda de recursos naturais”, disse, quando questionado por ((o))eco sobre o papel que o país terá na COP.
“Todos estamos avançando em direção a uma transição. Mas os países em desenvolvimento, em sua totalidade, nós também temos necessidades de desenvolvimento econômico e social e precisamos que tenhamos acesso aos instrumentos corretos para fazer essa entrega da forma correta. A comunidade internacional precisa ter conhecimento que isso precisa ser levado a sério e precisa nos prover desses instrumentos. Mas isso não justifica nenhum desflorestamento. Nós todos precisamos estar à altura de nossas responsabilidades”, disse.
As estimativas oficiais do desmatamento anual, produzidas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), devem ser divulgadas somente após o final da COP no Egito, segundo apurou ((o))eco, mas já se espera uma nova alta.
Fonte: O Eco
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