A 15ª conferência da Convenção de Biodiversidade das Nações Unidas começou ontem (7/12) com o já tradicional discurso dramático do secretário geral da ONU, a igualmente tradicional abundância de impasses e o recorrente receio de fracasso das negociações.
Como lembrou ((o)) eco, estas negociações têm importância central para países de megadiversidade biológica como o Brasil – ainda mais por coincidir com a transição política nas esferas federal e estadual e a perspectiva de reconstrução de políticas públicas socioambientais afetadas por um processo de desmonte nos últimos anos.
Segundo o WWF-Brasil, mais da metade do PIB global depende da natureza, sendo que esta presta serviços ecossistêmicos à economia global da ordem de US$ 125 trilhões, por meio da entrega de água potável, água para processos industriais, alimentos, ar fresco, absorção de calor, solo produtivo e absorção de carbono por florestas e oceanos.
Crise Climática e biodiversidade
Por falar em carbono, a crise climática e de biodiversidade são irmãs não só no nascimento, ocorrido na Rio-92, mas também nos efeitos: como explica matéria da RFi, quanto mais altas as temperaturas, mais espécies de plantas e animais ficam desprotegidas. As mudanças na biodiversidade afetam também os ciclos do carbono e da água e, portanto, aceleram as mudanças climáticas.
A COP15 da Conferência de Biodiversidade visa criar um roteiro para a recuperação da natureza até 2030 e, dentro de uma visão de prazo mais alongado, até 2050, abordando 22 fatores, incluindo a exploração excessiva de recursos naturais, a poluição, a dispersão de espécies exóticas invasoras e as mudanças climáticas. Mas como o Um Só Planeta explicou, o diabo está nos colchetes. Embora a COP15 tenha sido postergada devido à pandemia de COVID-19, o período alargado de negociações intermediárias não se converteu em avanços.
Daniela Chiaretti, do Valor, reportando a partir de Montreal, no Canadá, onde a COP15 está sendo realizada, destacou os principais nós: financiamento, sequenciamento genético e a meta de preservar 30% dos ecossistemas terrestres, marinhos e de água doce. Esta foi concebida como uma meta global, mas o Brasil é um dos que defende que as metas sejam definidas nacionalmente.
Diego Casaes, diretor de campanhas da Avaaz, alertou: “Conservar apenas 30% do território brasileiro, por exemplo, seria terrível para a Amazônia e para o mundo, e um retrocesso sem tamanho”. No caso do financiamento, esta COP reacende o velho debate sobre a transferência de recursos dos países ricos para as nações em desenvolvimento, como bem lembrou a RFi em matéria replicada pelo UOL.
A abertura da conferência foi noticiada por Deutsche Welle, Nexo Jornal, Um Só Planeta, além de ser destacada pelas Associated Press, Bloomberg e Forbes no exterior.
Texto publicado originalmente em CLIMA INFO
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