Esta é uma cena por certo inusitada. Em agosto do ano passado pesquisadores faziam uma expedição para documentar a biodiversidade ao longo do rio Tijamuchi, na Amazônia Boliviana, quando se depararam com um grupo de botos-cor-de-rosa (Inia geoffrensis), que dificilmente são observados com suas cabeças fora da água. E para a surpresa dos cientistas, ao olhar as imagens com mais cuidado, eles perceberam que os animais estavam “brincando” com uma sucuri (Eunectes beniensis).
O flagrante inusitado resultou num artigo científico na publicação internacional Ecology, que tem como seu autor principal o pesquisador brasileiro Omar Entiauspe Neto, do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Para a equipe da expedição, parecia claro que os cerca de seis botos estavam brincando com a serpente e não tentando comê-la. E como ela permanecia imóvel, acredita-se que já estava morta. O comportamento brincalhão de cetáceos é bastante registrado na ciência.
Todavia, no artigo os autores discutem outras possibilidades, como a própria predação da sucuri ou ainda um comportamento relacionado com a interação social e sexual entre os indivíduos do grupo, já que foi observada a excitação de um dos adultos. Poderia ser também uma lição dos mais velhos aos mais jovens.
“Havia botos juvenis na cena e parecia que os adultos estavam exibindo a cobra para eles”, relatam os autores do artigo.
A sucuri-da-bolívia é um predador de topo de cadeia e pode atingir até 4 metros de comprimento e pesar 50 kg. É uma espécie que se alimenta de peixes, aves e pequenos roedores.
Botos são golfinhos de ambientes fluviais, não correndo em ambientes marinhos. Chamados também de botos-vermelhos, os indivíduos encontrados na Bolívia seriam uma subespécie da família Iniidae. A região da Floresta Amazônica é habitat de duas espécies destes mamíferos aquáticos: o Inia geoffrensis e o tucuxi (Sotalia fluviatilis), ambos considerados em risco de extinção.
Fonte: Conexão Planeta
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