Cidade vai ganhar bairro planejado com centro comercial e industrial, campus universitário, área residencial e espaço verde
Saem as pistas de pouso, as bagagens, os aviões indo e vindo e a correria do ir e vir de milhares de pessoas que passam um aeroporto internacional. Entra a mobilidade ecológica, novas tecnologias, construções sustentáveis uso eficiente de energia e um novo espaço para cerca de 30 mil pessoas, que vão viver ou trabalhar no lugar que antes era ocupado pelo antigo Aeroporto Internacional de Tegel, em Berlim, na Alemanha.
Em 2021, o aeroporto internacional foi substituído por outro e a área de 500 hectares vai ganhar uma nova vida com um projeto que inclui um parque industrial e de pesquisa para tecnologias urbanas, um campus, um bairro residencial e uma área verde de 200 hectares.
Construções antigas serão reaproveitadas em parte, como os terminais que vão receber área para pesquisa e escritórios para startups. Na Urban Tech Republic, cerca de mil empresas, de diferentes portes, vão receber cerca de 20 mil profissionais que trabalham com pesquisa, desenvolvimento e produção em áreas que variam da reciclagem a novos sistemas de mobilidade.
O antigo prédio do terminal vai receber também 2,5 mil estudantes da conceituada Universidade de Beuth. Um campus chamado de Berlin TXL vai receber cerca de 5 mil alunos que vão estudar temas fundamentais para o desenvolvimento sustentável das cidades, tendo como base experiências bem sucedidas e o conhecimento gerado nas principais cidades em crescimento do século XXI.
Segundo a Tegel Project GmbH, empresa estatal escolhida para o desenvolvimento e gestão do projeto, esta é uma iniciativa única na Europa atualmente, e talvez no mundo. A empresa é responsável pela revisão do plano diretor e desenvolvimento da marca, planos para a construção do edifício e a infraestrutura técnica, energética e de transporte, bem como o planejamento de vendas e comunicação do projeto com o público em geral.
“O planejamento é baseado em questões como: como queremos viver e nos locomover nos espaços urbanos no futuro? Que qualidades são importantes para nós como indivíduos e como comunidade? E de quais funcionalidades não podemos abrir mão?” explica Constanze Döll, assessor de imprensa da Tegel Projekt.
Bairro ecológico
O conhecimento gerado no campus e as tecnologias desenvolvidas pelas empresas do centro industrial e comercial poderão ser empregados na área residencial que será construída para cerca de 10 mil pessoas. Em uma área de 100 acres, próxima da antiga pista de aviões, 5 mil novos apartamentos serão construídos em um bairro urbano neutro em carbono, com parques, escolas e lojas.
O bairro ganhou o nome de Schumacher Quartier e vai reunir soluções inovadoras para fornecer energia limpa e novos modelos de mobilidade que vão priorizar as pessoas e não os carros.
“O Schumacher Quartier foi planejado de forma que as ruas e praças pertençam novamente às pessoas, e não aos carros”, diz Döll. “Queremos permitir que as pessoas redescubram o espaço público para socializar, relaxar e conversar. Locais importantes do bairro, como creche, escola, padaria, supermercado, podem ser facilmente alcançados a pé.”
Estão previstas amplas ciclovias e áreas verdes. Haverá transporte público e carros só serão permitidos em casos excepcionais, como moradores ou moradoras com deficiências ou problemas graves de mobilidade. A micromobilidade, bikes e caminhadas, além do transporte público serão prioridade.
Os conjuntos residenciais serão construídos em madeira e, quando concluídos, vão formar o maior grupo de prédios de madeira maciça do mundo. A equipe fornecerá madeira localmente na Alemanha e espera reduzir as emissões de CO2 na construção em 80%.
“A madeira, em particular, permite o armazenamento de CO2 a longo prazo, e o uso da madeira como material de construção reduz o consumo de materiais prejudiciais ao meio ambiente, como o concreto”, explica Döll.
Os projetos também priorizam o uso eficiente de eletricidade e toda a energia será produzida no local, incluindo energia solar e geotérmica. Um sistema também coletará calor residual de prédios comerciais adjacentes para aquecer as casas.
O conceito de “cidade esponja” vai ser aplicado no bairro com projetos que vão ajudar a captar água da chuva, armazenando este importante recurso natural, além de evitar inundações. Telhados verdes e jardins usarão parte da água, e parte será armazenada no subsolo.
“Toda a água da chuva é utilizada ou armazenada. Este sistema autônomo contribui para a regulação do clima local, auxiliado por muitas árvores que agem como sistemas naturais de ar condicionado”, reforça Döll.
O projeto incorporou um outro conceito interessante de “design auxiliado por animais”, desenvolvido pelo ecologista Wolfgang Weisser e pelo arquiteto paisagista Thomas Hauck. Para incorporar a biodiversidade, os espaços abertos e edifícios serão projetados para abrigar 14 espécies raras, incluindo morcegos de asas largas e gafanhotos rouxinóis, com o objetivo de ajudá-los a se estabelecer permanentemente na área e atrair outras espécies.
Fonte: CicloVivo
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