OAB do Amazonas cria comissão indígena e nomeia a advogada Adriana Inori, da etnia Kanamari, como presidente
Se você nos acompanha, é possível que se lembre de ter lido, recentemente (aqui no site ou em nossas redes sociais) sobre a etnia Kanamari. É de seu repertório a belíssima canção entoada pelo indigenista Bruno Pereira no vídeo que viralizou na internet em 13 de agosto, enquanto Bruno e o jornalista Dom Phillips ainda eram considerados desaparecidos.
A gravação foi feita por Yura Ni-Nawavo Marubo, assessor jurídico da UNIVAJA (associação dos povos indigenas do Vale do Javari) durante expedição realizada na TI Vale do Javari, como contamos aqui.
Com a criação da comissão indígena pela Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Amazonas (OAB-AM), os Kanamari, assim como os povos indígenas do estado, ganham ainda mais visibilidade e proteção.
Mas esta boa notícia tem mais um detalhe importante: a advogada Adriana Inori, que pertence à essa etnia, foi quem assumiu a presidência da nova comissão em 21 de julho. Seu vice é o advogado Fernando Cruz, que aparece com ela na imagem abaixo.
“De vítimas a protagonistas da nossa história”
No discurso de posse, Inori contou que foi a única de sua família que teve oportunidade de estudar e se aperfeiçoar para defender as causas indígenas. “Para assegurar os direitos fundamentais nessa causa tão importante, que é a causa das populações indígenas. Fazer com que nós passemos de vítimas a protagonistas da nossa história”.
“Nós temos uma história, uma cultura que deve ser protegida e meu papel é trabalhar em parceria com órgãos, firmar diálogos e projetos que possam contribuir para as etnias indígenas”, declarou.
Direito e acesso à Justiça
De acordo com o presidente da OAB, Jean Cleuter Mendonça, a comissão tem, por objetivo, assegurar a proteção dos direitos dos povos indígenas, fiscalizar as pautas análogas em todo estado, “sempre atenta para defender os povos e as comunidades, pautados no princípio da constituição federal, que garante proteção a todos”.
“Os indígenas são os verdadeiros donos desta terra! A acessibilidade é constitucional, o acesso à justiça é constitucional e a OAB não pode permitir que os indígenas não tenham acesso à Justiça”.
E finalizou: “Essa é uma briga da nossa gestão. A comissão vai fazer um estudo, discutir a melhor abordagem que podemos adotar para construir uma defesa das pautas indígenas. O desafio é grande e nós vamos em frente”.
Texto publicado originalmente em Conexão Planeta 26/07/2022
CONEXÃO PLANETA
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