A principal referência técnica para estabelecer a probabilidade de aquecimento do planeta e a “margem de manobra” da humanidade para impedir aumentos expressivos da temperatura média da Terra neste século é o chamado “orçamento de carbono”. Ele indica o volume de dióxido de carbono (CO2) que pode ser lançado à atmosfera até 2100 para não ultrapassarmos as metas para o aquecimento global do Acordo de Paris – no máximo 2°C mas buscando conter o aquecimento em 1,5°C durante este século. No entanto, existe muita incerteza sobre esse cálculo, o que torna a estimação desse “orçamento” em termos reais um verdadeiro desafio.
Em um estudo publicado neste mês pela revista Communications Earth and Environment, um grupo de cientistas apresentou uma nova abordagem para o cálculo deste orçamento. Pelas contas dos autores, para uma meta de 1,5°C, o mundo teria entre 230-440 bilhões de toneladas de CO2 (GtCO2) de 2020 em diante, o que corresponde a uma chance de dois em três a um em dois de não exceder o aquecimento do planeta em 1,5°C na comparação com os níveis pré-industriais. Isso equivale a um período de seis a 11 anos de emissões globais, se elas permanecerem nas taxas atuais e não começarem a diminuir. O estudo calcula também que existe uma chance de aproximadamente uma em seis de que o orçamento de carbono restante para a meta de 1,5°C já tenha sido superado.
A principal implicação dessas projeções, escrevem os autores no Carbon Brief, é que a descarbonização da economia global precisa se intensificar o quanto antes para que a humanidade consiga limitar o aquecimento dentro dos limites apontados pela ciência e formalizados pelo Acordo de Paris como “seguros” para evitar mudanças climáticas perigosas.
Fonte: ClimaInfo
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