Os próximos meses serão de apreensão para o abastecimento de água de cidades do Centro-Oeste e do Sudeste e para o setor elétrico. Depois do fim de mais uma temporada chuvosa abaixo da média histórica, as usinas hidrelétricas destas regiões estão com reservatórios em níveis preocupantes.
Na semana passada, o governo federal emitiu alerta de emergência hídrica para os próximos seis meses em cinco estados na bacia do rio Paraná: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. A situação desses estados é tida como “severa”, com a expectativa de um volume baixo de chuvas no período. O alerta foi divulgado pelos Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM), e Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEM).
Este é o primeiro alerta dessa natureza em 111 anos de serviços meteorológicos no Brasil. O Estadão antecipou essa notícia. Reuters e Valor também deram destaque.
O governo deve anunciar medidas adicionais para evitar o risco de desabastecimento elétrico nos próximos meses. Para os próximos dias, espera-se que o ministério de minas e energia publique uma portaria que permitirá a contratação de usinas termelétricas do tipo “merchant”, que operam exclusivamente no mercado de curto prazo e que não possuem necessariamente contratos vigentes de fornecimento de energia. A ideia é permitir o acionamento rápido dessas usinas em situações nas quais o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) avalie como necessárias. Folha e Valor deram mais detalhes sobre essa decisão.
Ao mesmo tempo, o ONS também diminuiu a vazão das hidrelétricas de Jupiá e Porto Primavera, ambas na divisa entre SP e MS. Segundo o Estadão, a vazão reduzida permitirá que as usinas acumulem mais água em seus reservatórios para garantir a produção de eletricidade, o que deve prejudicar outras atividades econômicas que dependem dessa água, além do abastecimento hídrico aos consumidores.
Como consequência dessa situação, a conta de luz dos consumidores brasileiros deverá ficar mais salgada nos próximos meses. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) confirmou a adoção da bandeira tarifária vermelha de patamar 2 para o mês de junho. UOL e Valor destacaram essa notícia.
O Estadão ouviu especialistas para analisar as perspectivas do setor elétrico: o consenso é de que a energia seguirá mais cara, mas que a possibilidade de um racionamento ainda é baixa. Por outro lado, como o Valor pontuou, esse risco pode aumentar em 2022 caso a próxima temporada chuvosa for mais seca que o normal e a economia brasileira se reaquecer após a pandemia.
Fonte: ClimaInfo
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