Os compromissos de ação climática do Brasil sob o Acordo de Paris são insuficientes para que o país contribua na contenção do aquecimento global em 1,5°C neste século. De acordo com o Relatório de Transparência Climática (Climate Transparency), as metas atuais de redução das emissões de carbono do país estão compatíveis com um cenário de aquecimento de 3°C.
O principal fator, para surpresa de ninguém (talvez, apenas do ministro-astronauta), é o desmatamento, que representa quase metade das emissões brasileiras de carbono, segundo os dados mais recentes do SEEG. “Essas são emissões ineficientes, que não geram nada, não geram PIB, não se ganha nada”, explicou ao Estadão William Wills, coordenador da parte brasileira do estudo e pesquisador da COPPE/UFRJ. “Temos de lutar para diminuir (essas emissões)”.
Ao mesmo tempo, o Brasil está cada vez mais exposto ao risco de eventos climáticos extremos, como tempestades, secas, ondas de calor e frio, além de incêndios florestais. Um aquecimento de 3°C na temperatura média global, tal como sinalizado pelos compromissos climáticos do Brasil, pode resultar em eventos extremos mais frequentes, em particular o aumento de dias com temperatura acima dos 35°C e a redução da pluviosidade.
O relatório, que analisou dados das 20 maiores economias do mundo (G20), destacou o aumento das emissões relacionadas à energia em todos os setores, em especial nos setores de transporte e eletricidade. Sem considerar o setor de mudança no uso do solo, as emissões brasileiras de GEE aumentaram 79% nos últimos 30 anos. O documento também assinalou os subsídios governamentais fornecidos pelo Brasil à indústria fóssil: entre 2018 e 2019, cerca de 108 milhões de dólares anuais foram destinados a carvão, e US$ 1,1 bilhão para petróleo e gás. BBC e EcoDebate também repercutiram esses dados.
Fonte: ClimaInfo
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