A possibilidade de um novo adiamento da próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP26), sugerida por organizações da sociedade civil em virtude da incerteza acerca das condições sanitárias e dos custos de estadia em Glasgow em novembro, não foi bem recebida por alguns países. Os membros do Fórum dos Vulneráveis ao Clima (CVF), que reúnem principalmente pequenas nações insulares, criticaram duramente a proposta, argumentando que um novo atraso pode dificultar ainda mais as ações urgentes da comunidade internacional para reduzir as emissões de carbono e conter a mudança do clima. “Já estamos muito atrasados”, disse Mohamed Nasheed, embaixador das Maldivas no CVF, ao POLITICO. Ele reclamou que a proposta apresentada pela Climate Action Network (CAN) nesta semana não foi discutida antecipadamente com representantes desses países.
Em manifesto divulgado nesta 4ª feira (8/9), o CVF reforçou a necessidade de se realizar a COP26 de maneira presencial em Glasgow em novembro, “com medidas robustas relativas à COVID-19, e os países em desenvolvimento vulneráveis precisam de apoio especial, acesso facilitado e modalidades híbridas para garantir uma participação inclusiva”. O documento também ressalta que as grandes economias ainda estão se omitindo no que diz respeito às suas responsabilidades climáticas, tanto em termos de cortes de emissões como em oferta de financiamento e transferência de tecnologia para os países pobres.
“A COP26 ocorre em meio a um apartheid de vacinas e a um apartheid tecnológico. Tanto a opção virtual ou a alternativa híbrida são pouco inclusivas e nada justas”, escreveu Daniela Chiaretti no Valor. Para ela, os problemas de logística assumiram “viés político” nas semanas que antecedem a COP26 e isso pode intensificar as desconfianças entre os países. “Os britânicos tentam salvar a data, mas começam a colocar em risco todo o processo”, avaliou um observador.
Em tempo: Os chefes das três principais igrejas cristãs do mundo se uniram para pedir aos negociadores na Conferência de Glasgow mais ambição contra a crise climática. “Devemos decidir que tipo de mundo queremos deixar para as gerações futuras. Devemos escolher viver de maneira diferente; devemos escolher a vida”, escreveram o Papa Francisco, da Igreja Católica; o Patriarca Ecumênico Bartolomeu, da Igreja Ortodoxa; e o Arcebispo Justin Welby, da Igreja Anglicana. “A perda da biodiversidade, a degradação ambiental e as mudanças climáticas são as consequências inevitáveis de nossas ações, já que avidamente consumimos mais recursos da terra do que o planeta pode suportar. As pessoas que sofrem as consequências mais catastróficas desses abusos são as mais pobres do planeta e têm sido as menos responsáveis por causá-los”. Associated Press, Bloomberg e Reuters repercutiram.
Fonte: ClimaInfo
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