O governo Bolsonaro enxerga na Conferência do Clima de Glasgow (COP26) a última grande oportunidade para reverter a imagem ambiental do Brasil no exterior. Por isso, o Planalto tem apostado pesado na “agenda verde” e pretende anunciar um conjunto de medidas durante o evento da ONU. O problema é que, para um governo com uma longa ficha corrida de promessas descumpridas, fica difícil acreditar que, dessa vez, será diferente. Esse é o diagnóstico de diversos ambientalistas ouvidos por Mariana Grilli no Globo Rural. “Eles [representantes do governo] vão lá de novo pedir dinheiro”, comentou Suely Araújo, ex-presidente do IBAMA e especialista em políticas públicas do Observatório do Clima. “Eu acho ótimo dinheiro internacional para ajudar na preservação do meio ambiente, mas primeiro precisam usar o que está disponível”, disse Araújo, em alusão ao Fundo Amazônia, que segue congelado desde 2019 por desentendimentos entre Bolsonaro e os governos doadores de Alemanha e Noruega.
Outra dúvida é sobre o uso dos recursos, que foi um dos pontos da desavença que paralisou o Fundo Amazônia. Na época, o governo brasileiro defendia mudanças na gestão do Fundo e o uso desses recursos para remunerar proprietários de terra por serviços ambientais.
Ainda sobre o Brasil na COP, a Carta Capital repercutiu a articulação de governadores brasileiros para participar do encontro. De acordo com o governador Renato Casagrande (ES), nomes como Eduardo Leite (RS), João Doria (SP) e Paulo Câmara (PE) devem passar pela Conferência para conversar com representantes de países europeus e dos EUA e viabilizar recursos para projetos de ação climática nos estados.
Em tempo: Para a ex-ministra Izabella Teixeira, a Conferência de Glasgow precisará superar o “fatalismo climático” para oferecer soluções e caminhos viáveis e efetivos na luta contra a mudança do clima. Em entrevista para Daniela Chiaretti no Valor, a ex-ministra do governo Dilma Rousseff destacou a importância do financiamento climático para restaurar a confiança entre os países e lamentou o isolamento político do Brasil de Bolsonaro nessas negociações. “O Brasil deveria estar procurando uma agenda estratégica de desenvolvimento com base na realidade climática, em que as florestas têm papel ao ficar em pé e serem restauradas”, disse Teixeira.
Fonte: ClimaInfo
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