Bolsonaro e Salles se esforçaram por meses para conseguir um acordo de cooperação internacional com os EUA para financiar a proteção da Amazônia. Ironicamente, essa aproximação resultou efetivamente em uma colaboração entre os dois países, mas em uma frente muito diferente daquela pensada pelo governo brasileiro. Segundo Bela Megale n’O Globo, a Polícia Federal do Brasil e os serviços de proteção ambiental e de alfândega dos EUA estão intensificando o diálogo para desbaratar esquemas internacionais de comércio de madeira ilegal. O primeiro fruto dessa colaboração atingiu Salles em cheio: a Operação Akuanduba, iniciada pela PF a partir de informações prestadas pelas autoridades norte-americanas. A ideia da PF é realizar novas ações no Brasil com base nessas informações.
Falando na Operação Akuanduba, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantou o sigilo do inquérito que orientou as ações contra Salles e outros auxiliares dele no ministério do meio ambiente e no IBAMA. Moraes justificou a decisão afirmando que parte da documentação já havia sido divulgada nos últimos dias, inclusive com vazamento de informações até então confidenciais sobre os indícios de envolvimento de Salles com um esquema de contrabando de madeira extraída ilegalmente no Brasil. O Estadão deu mais detalhes sobre a decisão.
Enquanto isso, no IBAMA, Salles aplica aquilo que parece ser o principal remédio do governo Bolsonaro quando a situação está ruim: indicar um militar para cumprir calado as determinações do presidente. O presidente interino do órgão, o tenente-coronel da PM de São Paulo, Luis Carlos Hiromi Nagao, indicou outros dois militares da corporação paulista para postos de direção. A diretoria de uso sustentável de biodiversidade e florestas ficou sob responsabilidade do também tenente-coronel da PM paulista, Ary Kunihiro Kamiyama, no lugar do servidor Gustavo Bediaga de Oliveira. Já a diretoria de planejamento, administração e logística do IBAMA foi ocupada pelo coronel da PM paulista Demetrius Martins Munhoz. André Borges destacou as mudanças para o Estadão.
Outra mudança aconteceu na PF: o delegado Alexandre Saraiva, ex-superintendente da corporação no Amazonas, foi transferido para Volta Redonda (RJ). Saraiva protagonizou uma discussão pública com Salles por causa de uma operação da PF que apreendeu cargas de madeira de origem suspeita, no final de 2020. Enquanto o então chefe da PF no estado defendia a ação, Salles a criticava e atuava junto com os madeireiros envolvidos pela liberação da madeira. Por causa disso, pouco antes de ser afastado do posto, Saraiva encaminhou ao STF uma notícia-crime acusando Salles de obstrução de Justiça. G1, Poder360 e UOL repercutiram a transferência do delegado.
Fonte: ClimaInfo
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