Tratamento pode oferecer qualidade de vida a cerca de 2% da população mundial que sofre com o transtorno
Nesta edição do Pílula Farmacêutica, a acadêmica Giovanna Bingre, orientanda da professora Regina Andrade, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, traz informações sobre os estabilizadores de humor, medicamentos usados no tratamento do transtorno bipolar.
O transtorno atinge até 2% da população mundial e é caracterizado por alternância do humor, levando da euforia à depressão. Não tem cura, mas pode ser controlado com medicamentos, psicoterapia, mudança de hábitos e abolição do consumo de substâncias psicoativas, dentre elas o álcool.
Estabilizadores de humor
Principal classe medicamentosa a tratar a bipolaridade, os estabilizadores de humor atuam sobre os neurotransmissores, “moléculas que agem como sinalizadores no organismo, transmitindo comandos e informações”, conta Giovanna. Por sua vez, os neurotransmissores agem na atividade elétrica dos neurônios e, assim, “conseguem prevenir os episódios de mania”, adianta a acadêmica.
O remédio carbonato de lítio é o mais antigo e realiza justamente a prevenção das crises. Apesar de ter eficácia comprovada, conta Giovanna, até hoje não se conhece seu mecanismo de ação. Por isso, o psiquiatra precisa controlar os efeitos adversos sobre cada paciente para que o tratamento ofereça maior qualidade de vida possível. Entre os riscos de efeitos colaterais estão: problemas renais, desregulação da tireoide, acne, aumento de peso, náusea e diarreia.
Além do carbonato de lítio, são usados a carbamazepina e a oxcarbazepina.
Receita controlada e preconceito com sofrimento mental
Os estabilizadores de humor, conta a acadêmica, só podem ser adquiridos com a retenção de uma das vias da receita pela farmácia. Segundo Giovanna, a medida é importante, não só pelos efeitos adversos dos medicamentos, mas pela cultura contraditória da sociedade que banaliza o uso de psicotrópicos ao mesmo tempo que cria tabu sobre as doenças psiquiátricas.
Assim, Giovanna alerta sobre os riscos do uso indiscriminado de remédios e também para a necessidade de se falar mais sobre o sofrimento mental e dá o exemplo da depressão, afirmando que “depressão é um desequilíbrio químico do cérebro que absolutamente ninguém escolheu ter”.
Afirma que transtornos psiquiátricos são doenças como quaisquer outras e que precisamos conversar sobre eles e acolher quem está passando por algum deles.
Fonte: Jornal da USP
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