“Momento China” quer assimilar potencial da relação Brasil-China; conteúdo é feito por estudantes do único curso superior da América Latina a formar ‘sinologistas’
Para além das relações comerciais e políticas entre Brasil e China, um grupo de estudantes da USP criou uma agência de conteúdo e divulgação sobre a cultura chinesa. A agência é composta por pesquisadores de pós-graduação e alunos da graduação em Letras com habilitação em Chinês, o único curso de Língua e Literatura Chinesa em nível de graduação na América Latina. A Área de Língua e Literatura Chinesa foi criada em 1968 por Sun Chia Chin, professor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
A revista digital Momento China é um dos produtos da agência. Ela está no ar desde abril e foi oficialmente lançada em maio, em uma live, disponível neste link, com o Ministro Conselheiro da Cultura da Embaixada da China no Brasil, Shu Jianping. Entre os temas abordados na revista, estão: linguagem, história, cinema, literatura, jogos, curiosidades, gastronomia e informações sobre costumes e tradições de locais falantes do mandarim.
O objetivo central do projeto é assimilar o potencial da relação entre Brasil e China e levar as pesquisas acadêmicas para fora dos muros da Universidade. Com posts diários nas redes sociais, o projeto se propõe ser ainda uma plataforma de aprendizagem, envolvendo profissionais de diversas áreas – inclusive da saúde – e focada nos aspectos tradicionais e contemporâneos da cultura chinesa.
Entendemos que o Brasil é um grande parceiro comercial da China, e que, portanto, nosso mercado de trabalho tende a se ampliar significativamente nos próximos anos. Resolvemos, então, criar essa oportunidade de treinamento.Vivemos tempos sensíveis e sabemos o quanto o discurso preconceituoso vem aumentando – não apenas no Brasil. Mas acreditamos que mostrar os elementos culturais de um país – sobretudo um país com milênios de história como a China – é uma forma delicada, porém combativa, de mudar cenários. Nosso papel é esse: criar o interesse no nosso leitor e entregar o único antídoto contra o preconceito: o conhecimento”.
Márcia Carini, coordenadora editorial do Momento China
Por meio de símbolos e figuras, os posts são divididos em diferentes assuntos. Os temas centrais são língua, música, games, entretenimento, arquitetura, ciência e tecnologia, culinária, business e literatura.
Todo mês, o projeto é acompanhado por padrinhos ou madrinhas, que avaliam criticamente os posts e participam de uma live com um dos 15 editores responsáveis pela divulgação. O especialista convidado pode ser diplomata, escritor, tradutor, profissional ou docente.
“É muito gratificante para um professor de chinês ver seus alunos tomarem iniciativas de divulgar conhecimento sobre a China. Dou meu apoio sem reservas”, comentou Shu Changsheng, professor do Departamento de Letras Orientais da FFLCH. Para ele, é importante para a USP que mais projetos tenham o envolvimento de professores e alunos.
Changsheng participou de uma conversa com os pesquisadores do Momento China sobre ondas migratórias e compartilhou sua experiência de saída do país após a reforma e abertura, em 1978. “A imigração se tornou um fenômeno universal e fundamental da globalização, além de ser uma característica humana”, disse.
O conteúdo conta ainda com o apoio de um projeto gráfico, elaborado pela designer Camile Vazakas Nunes, integrante do grupo. Já os temas escolhidos seguem as áreas de escolha dos editores. O grupo se reúne em reuniões de pauta para discutir os assuntos com um mês de antecedência e avaliam sua atuação nas redes sociais.
Para os estudantes, o principal motor de escolha dos assuntos é atrair o interesse público aos pontos de contato entre as culturas chinesa e brasileira. O grupo informou ao Jornal da USP que publicará, em breve, uma entrevista com os cantores Bruno e Marrone, junto dos autores da canção Mandarim. Na música, a dupla repete a frase Wǒ ài nǐ, que significa Eu te amo, na língua chinesa.
Embora não seja uma empresa júnior, o projeto, que é coordenado por nove diretores, se articula com o setor corporativo, de olho no futuro. “Por ora, nosso projeto está se consolidando para partirmos em busca de apoio não apenas da embaixada, como de setores privados. Posteriormente, a ideia é transformá-lo em um negócio”, afirma Márcia Carini, coordenadora editorial do projeto e integrante do grupo.
Presente nas redes sociais como @momentochina, o projeto também realiza eventos pelo Zoom (mediante inscrição) e planeja transmissões mensais ao vivo pelo Youtube.
Fonte: Jornal da USP
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