No Carnaval 2024, o Salgueiro presta homenagem aos indígenas Yanomami, abordando a mitologia e a luta pela preservação da Amazônia com o enredo “Hutukara”.
O Salgueiro, tradicional escola de samba do Rio de Janeiro, escolheu os Yanomami como tema de seu desfile no carnaval de 2024. A agremiação, conhecida por suas cores Vermelha e Branca e localizada na Tijuca, tem o objetivo de colocar em destaque as culturas dos povos nativos do Brasil.
“Hutukara”
O desfile, sob o título “Hutukara” – que se traduz do idioma yanomami como “o céu original a partir do qual se formou a terra” –, visa celebrar a rica mitologia Yanomami e promover a conscientização sobre a preservação da Amazônia.
![Carnaval 2024: Escola de samba leva a cultura Yanomami e a defesa da Amazônia para a Sapucaí](https://brasilamazoniaagora.com.br/wp-content/uploads/2024/02/Foto-Mauro-Pimentel-AFP-840x630.webp)
“É muito importante o significado da palavra Hatukara que fala que nós sobrevivemos, nós estamos vivos, estamos aqui. E hoje falar dessa essência tão forte, que dá origem ao nosso povo, não é semente falar de carnaval, é falar sobre quem nós somos, da onde viemos e como chegamos até aqui. Muitas das vezes, chegamos com uma dívida enorme com esse povo que é o verdadeiro dono dessa terra”, disse Edson Pereira, o carnavalesco responsável pelo enredo.
Reflexão ambiental e social
Pedro Ribeiro, biólogo e membro do escola de samba, destaca a importância de trazer para a avenida temas urgentes como o aquecimento global e o desmatamento, apontando os efeitos dessas questões sobre os povos indígenas.
“É mais do que um enredo, é uma grande pauta e uma grande causa (…) Essa é uma questão atual que a gente ta vivendo, como o aquecimento global. A gente esta vendo essa consequência direta da ação do homem nesse ambiente né”, afirmou Ribeiro.
O impacto da mensagem
Edson Pereira, o carnavalesco, acredita no poder da festa como uma plataforma para disseminar mensagens importantes para além das fronteiras do Brasil, alcançando um público global.
![](https://brasilamazoniaagora.com.br/wp-content/uploads/2024/02/user_1222752179-1120x630.jpg)
“A partir que temos um grande público expectador no Sambódromo, e os telespectadores pela televisão, e tem pessoas assistindo no mundo inteiro. Então essa mensagem tem esse potencial de avançar e sair do nosso desfile e poder tocar as pessoas em diferentes partes do mundo”, enfatizou Pereira.
Confira a letra:
“É HUTUKARA! O chão de Omama
O breu e a chama, Deus da criação
Xamã no transe de yakoana
Evoca Xapiri, a missão…
HUTUKARA, ê! Sonho e insônia
Grita a Amazônia, antes que desabe
Caço de tacape, danço o ritual
Tenho o sangue que semeia a nação original
Eu aprendi português, a língua do opressor
Pra te provar que meu penar também é sua dor
Falar de amor enquanto a mata chora, (bis)
É luta sem Flecha, da boca pra fora!
Tirania na bateia, militando por quinhão,
E teu povo na plateia, vendo a própria extinção
“Yoasi” que se julga: “família de bem”, (bis)
Ouça agora a verdade que não lhe convém:
Você diz lembrar do povo Yanomami em dezenove de abril,
Mas nem sabe o meu nome e sorriu da minha fome,
Quando o medo me partiu
Você quer me ouvir cantar em Yanomami pra postar no seu perfil
Entre aspas e negrito, o meu choro, o meu grito, nem a pau Brasil!
Antes da sua bandeira, meu vermelho deu o tom
Somos parte de quem parte, feito Bruno e Dom
Kopenawas pela terra, nessa guerra sem um cesso,
Não queremos sua “ordem”, nem o seu “progresso”
Napê, nossa luta é sobreviver!
Napê, não vamos nos render!
YA TEMI XOA! aê, êa! (bis)
Meu Salgueiro é a flecha
Pelo povo da floresta
Pois a chance que nos resta
É um Brasil cocar!”
Com informações do G1
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