Poucas semanas após ter escrito sobre a história de centenas de bois que ficaram confinados mais de dois meses em navios no Mar Mediterrâneo e precisaram ser sacrificados, novamente surge uma notícia horrível envolvendo a exportação de animais vivos.
Por causa do encalhe do navio Ever Given, no Canal de Suez, no Egito, centenas de embarcações estavam na fila de espera pela travessia e pelo menos vinte delas carregam animais vivos. De acordo com informações da ONG Animals International, os navios partiram da Espanha e da Romênia e têm como principal destino o Oriente Médio. Acredita-se que grande parte da “carga” seja de ovelhas.
De todos os milhões de toneladas de carga que esperam a liberação no Canal de Suez, nenhum deles é mais importante e delicado do que os animais amontoados nos cascos de vários navios, pois não são mercadorias e, sim, seres conscientes.
Embora grande parte das cargas embarcadas seja composta por commodities, como petróleo, que podem ser armazenadas em navios por longos períodos, os animais precisam de comida e água (além de outros requisitos que resguardem o bem-estar deles), e os navios geralmente carregam apenas o suficiente para alguns dias extras. Isso causa extremo sofrimento aos animais.
De acordo com várias agências e site de notícias internacionais, poucas informações estão disponíveis, já que nem os funcionários do Canal de Suez nem os executivos do setor marítimo estão dispostos a falar, mas há suspeita de que até dez embarcações presas dentro e ao redor do canal poderiam transportar milhares de ovelhas, sendo o itinerário da Europa à Arábia Saudita. Sete dos navios com destino à Jordânia teriam 92 mil animais.
A exportação de animais vivos para o Oriente Médio é comum porque o abate deles precisa ser feito conforme os preceitos da religião islâmica, conhecido como “halal”. É por isso que os animais são comercializados vivos.
O Oriente Médio é o maior importador de ovinos do mundo. Mas essa rota comercial já enfrentou tragédias parecidas antes. Em 2019, cerca de 14 mil ovelhas que foram enviadas da Romênia para a Arábia Saudita foram mortas quando um navio naufragou parcialmente. As equipes de resgate só conseguiram salvar pouco mais de 200 delas.
“Com o passar do tempo os problemas pioram. De vez em quando, há verdadeiros escândalos quando as coisas dão errado, mas é um horror diário”, diz Peter Stevenson, chefe de política do grupo de bem-estar animal Compassion in World Farming, que advoga pelo fim dos embarques de animais vivos.
“Meu maior medo é que os animais fiquem sem comida e água e fiquem presos nos navios porque não podem ser descarregados em outro lugar por questões de papéis”, alertou Gerit Weidinger, coordenadora da União Europeia para a Animals International Charity, ao The Guardian. “Ficar preso a bordo significa que há um risco [para os animais] de fome, desidratação, ferimentos, acúmulo de resíduos, de forma que eles não podem se deitar e a tripulação também não pode se livrar dos cadáveres de animais no canal [Suez]”.
Para ela, a situação é “basicamente uma bomba-relógio de risco biológico para os animais, a tripulação e qualquer pessoa envolvida”.
Ainda não se tem ideia de quantos dias, ou semanas, se conseguirá resolver a situação do Ever Given. A embarcação tem capacidade para 20 mil containers, pesa 224 toneladas e tem 400 metros de comprimento.
Mais de 12% do comércio mundial utiliza o Canal de Suez como rota.
Possível falha humana
Não se sabe exatamente ainda a causa do acidente, mas parece que o Ever Given aparentemente viajava mais rápido do que o limite de velocidade estabelecido pela Autoridade do Canal de Suez.
A última velocidade registrada do navio foi de 13,5 nós, detectada 12 minutos antes do encalhe, de acordo com dados da Bloomberg. A velocidade máxima permitida através do canal fica entre 7,6 nós e 8,6 nós.
Exportação animal: atividade cruel
Não só pela falha técnica de velocidade causada pelos humanos, mas pela ganância humana e extremo desrespeito, animais sofrem mais uma vez com uma atividade que deveria ser banida da humanidade. Esse novo desastre nos dá certeza que exportação de animais é uma prática que, em sua essência, é extremamente cruel, devendo ser proibida globalmente. Animais não são mercadorias, são seres conscientes!
Fonte: Conexão Planeta
Comentários