Como os agricultores familiares da Amazônia podem medir a sustentabilidade de suas propriedades? Indicadores e critérios para este fim foram definidos a partir de oficinas com jovens filhos de produtores rurais e lideranças da região, juntamente com equipes da Embrapa e instituições parceiras do projeto “Inclusão Geodigital e Gestão Territorial de Unidades de Produção de Base Familiar – IGGTS”. O método pode ser aplicado pelos próprios agricultores e está detalhado no “Guia Metodológico: geração de indicadores de desempenho e índice multicritério de sustentabilidade para agricultura familiar no bioma Amazônia”, publicado pela Embrapa Territorial.
Cinco critérios compõem o método proposto: Governança, Ambiental, Social, Econômico e Agronômico, hierarquizados nesta ordem. Para cada um deles, foram definidos entre cinco e 10 indicadores, que podem ser levantados com respostas a perguntas como: “Observa a presença de macacos em sua propriedade? E de animais silvestres como paca, tatu, cachorro-do-mato?Tem filhos trabalhando na propriedade? Acha que os(as) filhos(as) têm interesse em continuar na propriedade um dia? Como avalia a produção de hortaliças para seu consumo na propriedade? Está precisando fazer manutenção de infraestrutura (casa, curral, barracões, etc.) na sua propriedade? Como está a presença de animais no solo (minhocas, tatuzinhos, vários tipos de formigas e aranhas)?”.
Líder do projeto, o pesquisador João Alfredo Mangabeira, da Embrapa Territorial (Campinas, SP), destaca o caráter multicritério como inovação do método. No guia, foi esmiuçada a forma de obter os índices, bem como atribuir pesos e hierarquizar. Embora tenha sido desenvolvido com filhos de agricultores familiares da Amazônia – e para eles -, a metodologia pode ser adaptada para outras regiões e contextos da produção rural. “O método pode ser usado para definição de novos critérios, indicadores, geração de pesos e hierarquias para agregação de forma simplificada de índices multicritério de sustentabilidade, para diferentes sistemas de produção em diferentes biomas brasileiros”, diz Mangabeira.
Para chegar ao conjunto de critérios e indicadores, com seus pesos e hierarquia, foram realizadas oito oficinas, em municípios da Amazônia: Caracaí (RR), Juína (MT), Macapá (AP), Manaus (AM), Marabá (PA), Ouro Preto do Oeste (RO), Rio Branco (AC), São Luís (MA), Após a compilação dos dados junto com representantes de instituições da região, em um workshop na sede da Embrapa Territorial, em Campinas (SP), a equipe testou o método com quatro comunidades, nos estados de Mato Grosso, Pará e Rondônia.
O trabalho compõe o Projeto Integrado da Amazônia (PIAmz), financiado pelo Fundo Amazônia e operacionalizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em cooperação com o Ministério do Meio Ambiente. Contou com a participação da Embrapa Informática Agropecuária, da Faculdade de Economia da USP, da Escola Politécnica da USP e do Instituto de Socioeconomia Solidária (ISES).
Fonte: Embrapa
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