O governo de Joe Biden está se movimentando para forçar o mercado financeiro dos EUA a considerar o risco climático de seus investimentos e aplicações. Segundo o Washington Post, a Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFCT), agência que regula o mercado de futuro e opções, está criando um departamento de risco climático para se concentrar no papel de derivativos financeiros complexos nas compreensão e precificação dos riscos relacionados ao clima. A decisão aconteceu dias depois da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) abrir um processo de consulta pública para estabelecer critérios para a divulgação de risco climático por parte das empresas, além de uma força-tarefa para fiscalizar o reporte desses riscos por parte de empresas públicas. Nas últimas semanas, o Departamento do Tesouro e o Federal Reserve (banco central) também destacaram os custos crescentes de eventos extremos ligados às mudanças climáticas e também sinalizaram o perigo potencial para empresas, bancos e investimentos que poderiam vir de uma transição difícil de uma economia enraizada em combustíveis fósseis. A Reuters também destacou a decisão da SEC.
A preocupação da Casa Branca com os riscos climáticos reflete duas considerações. Primeiro, como abordado pela Bloomberg, a intensificação de eventos climáticos extremos já está causando prejuízos econômicos consideráveis no país – vide as tempestades tropicais, os incêndios florestais massivos e as ondas de forte calor e frio registrados no último ano. No pior cenário, de acordo com a FTSE Russell, os EUA devem perder 20% de PIB per capita até 2050 em virtude da mudança do clima. Além disso, a falta de regras para divulgação de riscos climáticos prejudica a integridade dos compromissos climáticos corporativos, abrindo espaço para o greenwashing. No USA Today, Tariq Fancy escreveu sobre a onda recente de ações ESG no mercado financeiro norte-americano e como muitas empresas estão aproveitando a falta de informações dos investidores para reciclar promessas vazias de sustentabilidade.
Em tempo: Fundos que investem em empresas poluentes estão mais expostos a riscos climáticos, alertou a Autoridade Europeia de Valores Mobiliários (ESMA), agência independente da União Europeia para o mercado financeiro. A análise da ESMA representa o primeiro esforço dentro da UE para avaliar a vulnerabilidade aos riscos relacionados à mudança do clima nos mais de 23,9 mil fundos em operação no bloco, que totalizam investimentos de mais de 10 trilhões de euros. Segundo a agência, fundos com investimentos baseados em empresas fósseis estão expostos a perdas potenciais que variam entre 8% e 19%; por outro lado, o potencial de perda dos fundos baseados em empresas verdes é menor, entre 3% e 7%. A Reuters deu mais detalhes.
Fonte: ClimaInfo
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