“Assim, surge este bafejo de esperança com o esforço da FGV (SP) e entidades locais numa série de Diálogos Amazônicos. Uma fagulha de confiança se acende e poderá construir alguma luz sobre o nosso futuro e um facho de esperança para levar a alguma transformação.”
Augusto Cesar Barreto Rocha
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Se eu pudesse escolher apenas uma coisa para ajudar no desenvolvimento da Amazônia, certamente seria o aumento da confiança. Sem ela, fica tudo muito complexo. Não confiamos no próximo, não confiamos nos governos, não confiamos nas leis, não confiamos em quase nada. Se tem algo a ser feito para melhorar a realidade é aumentar a confiança. Esta situação permeia as nossas discussões institucionais contemporâneas.
Não sei exatamente de onde começou, nem se há saída desta encruzilhada. Quando se debate a região amazônica, a primeira coisa que costumamos fazer por aqui é olhar quem está no debate. Por que está no debate? Quais seus interesses objetivos ou subjetivos? Quais os seus interesses declarados e não declarados? Ao olharmos, lembrarmos da história da região, lembramos o quanto já fomos enganados, espoliados e usados. Fica difícil não fazer isso.
Assim, os debates são permeados por um “faz de conta” de interesses distantes da realidade e quando se discutem as oportunidades de maneira genérica como “mais turismo”, “mais infraestrutura”, “mais ciência” ou “uso responsável dos recursos naturais” dá uma forte sensação de ser mais uma cilada. Esta é a grande dificuldade que permeia os debates sobre a Amazônia. Sem esta consideração, fica difícil que as pessoas daqui se interessem pelos debates.
Tendo esta contextualização, fica mais fácil perceber o porquê de se fazerem mais debates sobre a Amazônia fora daqui. É a falta de poder real, percebido ou imaginário, é que leva também a uma ausência de debate ou mesmo de decisões entre nós. Não temos a força das leis municipais, estaduais, federais ou institucionais, para ter a coragem necessária para enfrentar e mudar a dura realidade.
Em um ambiente onde a ordem é dividir as mínimas uniões criadas, onde as distâncias que nos separam são enormes e onde a riqueza gerada vai para o exterior ou para o Sudeste do Brasil, fica difícil forjar um ambiente que viabilize uma mudança desta realidade. As saídas poderão ser construídas se encontrarmos alguma união entre diferentes, envolvendo os mais diversos setores da sociedade, considerando comunidades, empresários, acadêmicos e políticos.
Assim, surge este bafejo de esperança com o esforço da FGV (SP) e entidades locais numa série de Diálogos Amazônicos. Uma fagulha de confiança se acende e poderá construir alguma luz sobre o nosso futuro e um facho de esperança para levar a alguma transformação. Sem esperança, seguiremos nas trevas e sem saber para onde caminhar. Que saibamos, nesta aventura, construir alguns cenários, superando e respeitando as diferenças, construindo uniões no entorno de saídas da condição atual para um cenário melhor para todos.
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