A invasão e o desmatamento de florestas públicas não destinadas na Amazônia brasileira foram responsáveis pela emissão de 1,871 bilhão de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera entre 2003 e 2019, segundo cálculos do IPAM divulgados na semana passada. De acordo com a análise, o problema se intensificou nos últimos dois anos do período, em linha com a expansão do desmatamento registrado no bioma amazônico.
As florestas públicas não destinadas são áreas pertencentes à União e aos estados que, de acordo com lei de 2006, deveriam ser destinadas para conservação ou uso sustentável, o que não acontece. Vulneráveis, elas são alvo constante de grileiros, garimpeiros e outros criminosos ambientais.
O estudo foi conduzido pelo IPAM em parceria com o Woodwell Climate Research Center (EUA) e publicado na revista Frontiers in Forests and Global Change. Pelos cálculos, as emissões associadas ao desmatamento em florestas públicas não destinadas representam quase 18% do total de emissões da Amazônia no período observado, cerca de 11 bilhões de toneladas de CO2 equivalente em 16 anos; esta proporção é maior que o percentual desse tipo de terreno (15%) no conjunto das áreas analisadas pela pesquisa.
Para comparação sobre o impacto da falta de destinação oficial sobre a conservação da área, o estudo calculou que Unidades de Conservação (UCs) e Terras Indígenas (TIs), que representam 46% da área estudada, responderam juntas por 17% do total das emissões do período. O G1 também repercutiu os dados.
Em tempo: Apareceu mais uma denúncia de que um projeto de carbono que evita desmatamento recebeu mais créditos de carbono do que deveria. A Pública traz o caso de uma floresta colombiana cujos créditos foram usados para abater a taxa de carbono devida por algumas empresas. Em projetos de desmatamento evitado, chamados de REDD+, compara-se o carbono presente nas árvores com o que teria sido emitido se o desmatamento tivesse acontecido. O problema é determinar quanto desmatamento foi evitado. A investigação mostrou que o pessoal do projeto exagerou na dose do desmatamento e acabaram recebendo mais créditos do que deveriam.
Fonte: ClimaInfo
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