Estudos mostram que a água tratada que consumimos já contém microplásticos – partículas com menos de 5 milímetros que podem carregar metais pesados, nocivos ao ser humano e animais. Ao consumir água com esses microplásticos, uma pessoa pode ingerir cerca de 120 mil partículas por ano.
O estudante Gabriel Fernandes Mello Ferreira, do Colégio São José, de Itajaí (SC), criou um sistema de filtragem que se mostrou 100% eficiente para retê-los. Tão eficiente que será adotado por uma Estação de Tratamento de Água (ETA), responsável por 70% do abastecimento de Itajaí e Navegantes.
Ele explica que os microplásticos são gerados por um processo similar ao do intemperismo, quando rochas e seus minerais sofrem alterações físicas e químicas causadas por fatores como clima e relevo. Aplicado ao plástico, o lixo descartado indevidamente vai se quebrando em pequenos pedaços até virar minúsculas partículas. Essas partículas acabam se deslocando para a água de rios, represas, de onde a água é captada para tratamento e consumo.
Segundo Gabriel, o processo de tratamento convencional possui várias etapas, tais como decantação, filtragem, desinfecção e fluoretação, que retiram as impurezas da água, porém, não ao ponto de reter os microplásticos.
Pesquisa e solução
O estudante lembra que durante suas pesquisas ficou chocado ao descobrir que uma pessoa pode consumir até 121 mil partículas de microplástico por ano. “Isso se deve muito pela presença de microplásticos na água tratada, pois diversos estudos mostram que as Estações de Tratamento de Água não conseguem reter microplásticos pois não possuem um mecanismo específico para esta partícula”, explica ele.
Com o auxílio dos professores Fernanda e Lenon, o aluno desenvolveu um mecanismo de retenção de microplásticos que pode ser facilmente aplicado em Estações de Tratamento de Água (ETA). Com a pandemia, não foi possível testar o filtro nas estações de tratamento e a solução encontrada foi construir um modelo menor para simular os resultados em um aquário. O filtro mostrou-se muito eficiente e filtrou quase a totalidade as partículas plásticas durante a simulação.
“Os microplásticos são menos densos que a água e por isso o mecanismo de filtração filtra apenas a parte superficial da lâmina d’água. O filtro utiliza um skimmer que, através de canos, direciona a água para um cilindro plástico com fundo de malha de nylon de abertura de 300µ. Este copo coletor é o elemento filtrante, onde a água passa e o microplástico fica retido na malha”, relata o jovem inventor.
O mecanismo pode ser facilmente incorporado ao processo de tratamento de água na ETA, pois não é necessário fazer reformas estruturais. A instalação é simples e o custo fica em torno de R$ 450. “Como próximo passo nosso objetivo é instalar o filtro in loco. Com os resultados conseguimos a autorização para a instalação deste filtro na ETA São Roque de Itajaí, responsável por abastecer 70% população de Itajaí e Navegantes”, comemora Gabriel.
Prêmio
O projeto do sistema de filtragem de microplásticos fé um dos finalistas da 19ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE 2021), que acontece entre 15 de 26 de março pela Plataforma FEBRACE Virtual.
No total, estarão em exposição 345 projetos, desenvolvidos por 716 estudantes de 295 escolas do ensino fundamental, médio e técnico de todo o País, com a participação de 482 professores, que atuaram como orientadores dos projetos. Os projetos serão julgados e premiados pela criatividade e rigor científico. Para votar no projeto do Gabriel, clique AQUI.
A cerimônia de premiação será no dia 27/3 com transmissão pelo Youtube.
Fonte: CicloVivo
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