Alexandre Nicolaos Simos afirma que a fonte eólica offshore é vista como uma candidata muito forte para suprir parte do aumento da demanda energética nos próximos anos
Energia eólica offshore, ou marítima, é essencialmente o uso de turbinas eólicas instaladas dentro do mar. O primeiro parque eólico foi instalado na Dinamarca nos anos 90 e a maioria dos parques eólicos marítimos está na pioneira Europa, com destaque para Reino Unido e Alemanha. A eólica offshore está em um estágio muito mais avançado em países europeus, principalmente porque, ao contrário do Brasil, há muito menos áreas em solo para serem exploradas. Recentemente, os Estados Unidos passaram a investir nesse tipo de energia para a instalação de 30 gigawatts até 2030 – para se ter noção, a Usina de Itaipu tem potencial total de 14 gigawatts.
Existe uma previsão de aumento pela demanda de energia elétrica nas próximas décadas e o desafio é continuar suprindo a demanda da forma mais limpa possível, como explica o professor Alexandre Nicolaos Simos, do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica (Poli) da USP, ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição. “A fonte eólica offshore é vista como uma candidata muito forte para suprir boa parte dessa demanda que vem por aí”, afirma o professor. Atualmente, a matriz energética brasileira é hidrelétrica, com cerca de 60%, e a eólica é a segunda fonte nacional na matriz, próxima de 10%. Em terceiro lugar, a biomassa e, somando-se às outras, resultam em quase 80% da matriz elétrica de fontes bastante limpas quando comparadas às fontes de outros países.
O professor Simos explica que é necessário haver um marco regulatório que defina como são feitas as concessões de parques, uma vez que as áreas marítimas são da União. Ele conta que, “ano passado, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, lançou um relatório sobre potencial eólico brasileiro e sobre a indústria, já que o Brasil já tem essas vantagem de ter uma indústria eólica forte em terra e também uma indústria marítima voltada para a produção de óleo e gás, o que favorece o surgimento dessa modalidade eólica offshore”.
A Poli se dedica ao estudo da engenharia eólica há muitos anos, sempre mirando mais à frente, como a Universidade faz. “O ideal é que ganhemos know-how, que conheçamos a tecnologia existente, mas colaborar com o avanço das tecnologias antes mesmo de as demandas econômico-industriais acontecerem, e isso a Poli vem fazendo muito bem”, afirma Simos. Os estudos em energia eólica offshore buscam desenvolver turbinas eólicas flutuantes, não dependendo de estruturas fixas no mar. Os aerogeradores e as torres são montados em cascos flutuantes ancorados no fundo do mar, para gerar parte da energia elétrica para as próprias plataformas de produção de óleo e gás, colaborando para a redução das emissões do próprio processo de produção de óleo e gás no mar. Segundo o professor, existe uma perspectiva de construção dos primeiros parques eólicos offshore nos próximos cinco ou seis anos.
Fonte: Jornal da USP
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