A intensificação dos períodos secos, causada pelo fenômeno El Niño, e o avanço do desmatamento e das queimadas foram responsáveis pela morte de ao menos 2,5 bilhões de árvores e cipós na Amazônia entre 2015 e 2018. O cálculo foi feito por pesquisadores do Brasil e do Reino Unido, que analisaram os efeitos do fogo e da seca sobre a saúde da vegetação amazônica em uma área de 6,5 milhões de hectares de floresta no Baixo Tapajós. Essa região foi uma das mais afetadas pelos efeitos do El Niño na virada de 2015 para 2016, com redução substancial das chuvas e a redução da umidade relativa do ar.
Com o tempo mais seco, as queimadas decorrentes da “limpeza” de terrenos desmatados se disseminaram com mais facilidade pela floresta. O estudo estimou que a morte desse contingente gigantesco de árvores causou a emissão de cerca de 495 milhões de toneladas de CO2 ao longo do período analisado, um volume superior à média anual de carbono liberado pelo desmatamento na Amazônia brasileira. Segundo a análise, a floresta reabsorveu apenas 37% desse carbono.
“Vimos que as árvores localizadas em áreas da floresta que já tinham sofrido algum distúrbio antrópico no passado, como queimada ou extração de madeira, foram mais vulneráveis aos efeitos da combinação de seca e do fogo associados ao El Ninõ de 2015 do que as que estavam situadas em regiões mais conservadas do bioma”, explicou Erika Berenguer, das universidades de Oxford e Lancaster e autora principal do estudo.
A pesquisa foi publicada pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) e teve repercussão em veículos como BBC Brasil, Financial Times, Independent, Evening Standard e a Agência FAPESP.
Fonte: ClimaInfo
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