A produção mundial de alimentos precisa aumentar 20% em 10 anos para que não falte comida para a população global. “Para que esse crescimento seja de 20%, o Brasil tem que crescer 41%. É um desafio formidável para a nossa nação”, afirmou o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, em palestra na conferência Entendendo a Amazônia. Para ele, o mundo confia no país por três razões: terras disponíveis, gente capaz e tecnologia tropical sustentável que tem avançado, principalmente, a partir da década de 1990.
Roberto Rodrigues fez essa declaração em sua apresentação no terceiro dia da conferência “Entendendo a Amazônia”. Para conferir na íntegra a apresentação, acesse www.entendendoaamazonia.com.br.
Engenheiro agrônomo, Roberto Rodrigues destacou que a tecnologia é fundamental para o crescimento da produtividade agrícola mais do que a área cultiva – cenário semelhante em relação às proteínas animais. “Com isso, nós poupamos do desmatamento biomas e florestas por causa da produtividade que aumentou nas áreas que já eram cultivadas ou que foram integradas nesse processo ao longo do tempo”, explica ele, titular da pasta de Agricultura, Pecuária e Abastecimento entre 2003 e 2006.
De acordo com Roberto Rodrigues, a pandemia da Covid-19 antecipou o debate, tendo em vista a falta de alimentos registrada em alguns países. “Acredito que a pandemia abriu janelas fundamentais para a humanidade: segurança alimentar e sustentabilidade. São os grandes desafios agora e no pós-pandemia. Se não olharmos adequadamente esses dois temas, haverá dificuldades e guerras no mundo. E esses temas passam pelo agro do cinturão tropical do planeta, onde há terra disponível e avanço possível de produtividade. O Brasil domina isso.”
Algumas soluções já estão surgindo para contribuir para suprir essa necessidade. “O governo brasileiro recentemente lançou um plano de agricultura de baixo carbono, que tem papel fundamental na redução das emissões de gases do efeito estufa em 43%. Esse programa tem avançado positivamente, com um tema central, que é a integração lavoura-pecuária-floresta”, explicou. Segundo o ex-ministro, essa combinação permite a consorciação de até duas culturas agrícolas com o pasto, beneficiando a produção animal e a conservação das florestas.”
A integração lavoura-pecuária-floresta, para Rodrigues, é uma prática que permite o contínuo crescimento da produção de alimentos sem a necessidade de incluir novas áreas agrícolas e de pecuária. “Assim, é perfeitamente possível produzir mais sem derrubar uma única árvore da Amazônia“, disse em sua palestra, que encerrou o terceiro dia do evento, com um amplo debate sobre “desenvolvimento sustentável: a melhor saída para todos”.
Nascido em Cordeirópolis, no interior paulista, Roberto Rodrigues tem 78 anos e um currículo extenso. Antes de assumir o ministério, foi secretário da Agricultura do Estado de São Paulo (de 1995 e 1997) e presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG). Formou-se na Universidade de São Paulo (USP).
Entendendo a Amazônia
A conferência tem o objetivo de informar a sociedade em geral e buscar melhores caminhos para essa riqueza, integrando a preservação com a produção sustentável. Tudo de forma isenta, sem viés político. São 28 palestras destinadas a todos os públicos do Brasil e do exterior. O conteúdo fica gravado e disponível até 31 de julho no site www.entendendoaamazonia.com.br.
No terceiro dia de evento, além de Roberto Rodrigues, a programação incluiu Augusto Cesar Barreto Rocha, doutor em engenharia de transportes e professor associado da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que falou sobre a falta de infraestrutura de transportes na região. Em seguida, Paulo Hermann, presidente da John Deere Brasil, abordou algumas ações positivas desenvolvidas na região amazônica.
O presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM), Wilson Périco, palestrou sobre as possibilidades de crescimento industrial no bioma e a titular da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), Louise Caroline Campos Löw, centrou sua apresentação no tema “Desenvolvimento includente e sustentável na Amazônia Legal: desafios e perspectivas”.
A indigenista Ivaneide Bandeira Cardozo – a Neidinha Suruí – abordou a importância indiscutível das comunidades indígenas para o bioma. Há 30 anos, ela lidera a Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé e atua com mais de 50 etnias. Já o turismo como matriz econômica sustentável da Amazônia foi o assunto explorado por Oreni Braga, diretora de turismo da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos de Manaus (Manauscult).
Fonte: Agrolink
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