A presença dos militares na Amazônia tem sido uma constante no governo Bolsonaro. Sempre que o desmatamento explode e as críticas internacionais se acumulam, o Palácio do Planalto aciona as Forças Armadas para ajudar no combate à destruição florestal – ou, a bem da verdade, dar a sensação de que o governo está combatendo o desmatamento.
O problema é que, com o caixa apertado e a paciência de investidores e empresários internacionais menor, essa solução mágica está perdendo o efeito. Tanto que o próprio vice-presidente Hamilton Mourão desistiu de pedir a renovação da atual operação de garantia da lei e da ordem (GLO) na floresta, encerrada na 6ª feira (15/10). A justificativa do general é que o ministério do meio ambiente está recebendo mais recursos e poderá reassumir a fiscalização ambiental, sem a necessidade de envolvimento mais incisivo dos militares nessa tarefa.
“As Forças Armadas continuam a prestar apoio logístico, de comunicações e de inteligência. O Ministério do Meio Ambiente, que teve o seu orçamento duplicado, repassa o recurso necessário para o Ministério da Defesa. Coordenação feita dentro do grupo gestor e pronto, segue o baile”, disse Mourão.
E por falar em baile, a valsa do desmatamento não poderia estar mais afiada. Como destacamos aqui, setembro passado registrou o segundo pior índice da série histórica para o mês, com 985 km2 de áreas desmatadas, mesmo com a presença dos militares na região. Os dados preliminares do sistema DETER/INPE para outubro também não animam: somente nos primeiros sete dias deste mês, a Amazônia registrou alertas de desmate para 348,95 km2, mais da metade do desmatamento registrado em 2019 no mesmo mês (555,27 km2) e mais de ⅓ daquele observado no ano passado (836,23 km2), os dois piores registros da série histórica para outubro.
Associated Press, g1 e ((o)) eco repercutiram o recuo de Mourão na Amazônia.
Em tempo: Enquanto os militares deixam a ribalta, os servidores do IBAMA seguem tendo dificuldades para realizar seu trabalho de fiscalização. Em audiência na comissão de meio ambiente do Senado, o auditor do TCU Rafael Torres explicou que a redução do quadro funcional e os ataques de “altas autoridades do governo federal” contra o IBAMA prejudicam a atuação dos agentes ambientais. “[Esses ataques] têm deslegitimado o trabalho de fiscalização realizado pelo IBAMA e reduzido seu poder dissuasório no controle do desmatamento”, disse Torres. A Agência Brasil deu mais detalhes.
Fonte: ClimaInfo
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